Petróleo

Novo plano estratégico da Petrobras prevê corte de investimentos

Conselho de administração da estatal aprova programa para o quinquênio 2021-2025, com prioridade para o pré-sal e objetivo de ampliar lucros para os acionistas e cortar custos

Simone Kafruni
postado em 26/11/2020 15:13 / atualizado em 26/11/2020 15:14
 (crédito: Petrobras/Divulgação/ABr)
(crédito: Petrobras/Divulgação/ABr)

A Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (26/11), o Plano Estratégico para o quinquênio 2021-2015 (PE 2021-25), aprovado na véspera pelo conselho de administração. A companhia apresentou o modelo que chamou de “dupla resiliência”: econômica, capaz de superar o cenário de baixos preços de petróleo, e ambiental, com foco em baixo carbono. Na prática, pretende cortar 30% dos investimentos, com previsão de aportes de US$ 55 bilhões, o menor valor desde 2006, com prioridade para o pré-sal.

O plano segue a linha adotada desde que Roberto Castello Branco assumiu a presidência da estatal, de “maximização do retorno sobre o capital empregado, redução de custo, busca por eficiência, meritocracia, segurança e respeito às pessoas e ao meio ambiente”. “A Petrobras reafirma a visão de ser a melhor empresa de energia na geração de valor para o acionista, com foco em óleo e gás. O Capex (investimento) previsto para o período 2021-2025 é de US$ 55 bilhões, dos quais 84% estão alocados à Exploração e Produção (E&P) de petróleo e gás”, afirmou em nota. Dos US$ 46 bilhões em E&P, cerca de US$ 32 bilhões serão destinados aos ativos do pré-sal.

Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o novo plano está em linha com o anterior. “Com atualização de métricas, reconhecimento de um cenário ainda errático para os preços de petróleo e incorporação de drivers sustentáveis à metrificação de desempenho. O Capex é mais enxuto, mesma proporção de investimentos em exploração e produção e adiciona métricas sustentáveis, como emissões de gases de efeito estufa e volumes vazados”, avaliou.

Para o especialista, a companhia segue com a régua afiada, se propondo a tocar projetos rentáveis com um barril de petróleo Brent de US$ 35 e se propõe a encerrar 2021 com uma dívida bruta de US$ 67 bilhões, o que representa uma queda de 15,8% frente ao terceiro trimestre de 2020. “Quanto à produção, a companhia adotou a postura de reduzir a inclinação da curva, diminuindo a expectativa de produção, O movimento é uma forma natural da companhia ajustar a produção diante da assunção de um cenário mais complexo.”

Segundo a Petrobras, a diminuição da dívida e a desalavancagem financeira continuarão a ser prioritárias, “sendo a geração de caixa operacional e os desinvestimentos fundamentais para esses fins”. De janeiro de 2019 a setembro de 2020, mesmo com os impactos da pandemia e do choque do petróleo em 2020, a empresa reduziu a dívida bruta em US$ 31 bilhões. “Mantemos nossa meta de atingir US$ 60 bilhões em 2022”, destacou a estatal.

O portfólio de desinvestimentos da companhia tem mais de 50 ativos em diferentes estágios do processo de venda. “Simultaneamente ao abatimento da dívida, os desinvestimentos contribuem para melhorar a alocação de capital e consequentemente para criação de valor para o acionista”, explicou.

Produção

A curva de produção de óleo e gás estimada no período 2021-2025, sem considerar os desinvestimentos, indica crescimento contínuo focado no desenvolvimento de projetos que geram valor, com aumento da participação dos ativos no pré-sal que possuem menor custo de extração, ressaltou a Petrobras. “Ao longo desse período, está prevista a entrada em operação de 13 novos sistemas de produção, sendo todos alocados em projetos em águas profundas e ultra profundas.”

A produção de óleo para 2021 reflete os impactos associados à covid-19 e aos desinvestimentos ocorridos em 2020. “Consideramos uma variação de 4% para mais ou para menos para a produção de 2021”, informou. “A Petrobras reitera o compromisso com o meio ambiente com o uso de novas tecnologias para descarbonização de nossos processos e produtos, que envolvem por exemplo a redução da queima de gás natural em flare, reinjeção de CO2 e ganhos de eficiência energética nas refinarias”, assinalou.

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