Preços

Inflação sobe 0,86% em outubro, a maior alta para o mês desde 2002

Alimentos e transportes são os itens com maior elevação e de maior peso, sobretudo, para a população mais pobre

Pressionada pela alta dos alimentos, a inflação oficial brasileira subiu 0,86% em outubro. A taxa representa a maior variação mensal já registrada neste ano e o maior resultado para um mês de outubro desde 2002. A elevação do custo de vida foi ainda maior para a população mais pobre, que é mais afetada pelos preços da cesta básica: 0,89%.

A aceleração da inflação, que havia marcado 0,64% em setembro, já era esperada. Afinal, a alta dos alimentos vem pressionando o orçamento das famílias brasileiras, bem como o preço dos transportes. Tanto que a prévia da inflação já havia apontado uma alta de 0,94% no início do mês e, desde então, os analistas elevaram as projeções para a inflação deste ano.

O avanço, porém, levou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 3,92% no acumulado nos últimos 12 meses. O índice está bem perto da meta de inflação de 2020, que é de 4%. Ainda assim, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano na semana passada, pois avalia que essa pressão inflacionária é temporária.

Alimentos

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alimentos e bebidas, mais uma vez, puxaram a alta da inflação. A inflação desse grupo subiu 1,93% no mês, influenciada pela alta de 2,57% dos alimentos para consumo no domicílio. O aumento é fruto da disparada de preços de produtos essenciais para a mesa dos brasileiros, como o arroz e o óleo de soja, que já vinham subindo e ficaram 13,36% e 17,44% mais caros no mês, respectivamente.

Em outubro, também ficou mais caro comprar tomate (18,69%), batata-inglesa (17,01%) e carnes (4,25%). “Todos esses itens têm contribuído para alta sustentada dos preços dos alimentos, que foram de longe o maior impacto no índice do mês”, afirmou o gerente do IPCA no IBGE, Pedro Kislanov.

A alta dos alimentos, contudo, é sentida de forma ainda mais intensa pela população mais pobre, que destina uma parcela maior da renda para a compra da cesta básica. Por isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que considera as famílias com rendimento de até cinco salários mínimo, subiu mais que o IPCA, que considera famílias com rendimento de até 40 salários mínimos.

O INPC subiu 0,89% em outubro, o maior resultado para o mês dos últimos 10 anos. Por isso, nos últimos 12 meses, acumula uma alta de 4,77%.

Outras altas

Além dos alimentos, contribuíram com a alta da inflação, em outubro, os preços dos transportes e dos artigos de residência. Segundo o IBGE, a gasolina subiu 0,85% e as passagens aéreas dispararam 39,83% no mês. “A alta nas passagens aéreas parece estar relacionada à demanda, já que com a flexibilização do distanciamento social, algumas pessoas voltaram a utilizar o serviço, o que impacta a política de preços das companhias aéreas”, explicou Pedro Kislanov.

Também foi registrada uma alta de 1,53% dos artigos de residência. Segundo o IBGE, o índice é um reflexo do aumento do dólar, que tem pressionado o preço de produtos com insumos importados como os eletrodomésticos (2,38%) e os artigos de TV, som e informática (1,07%). Os itens de cama, mesa e banho (1,92%) e mobiliário (1,55%) também puxaram o índice.

Em outubro, a inflação ainda subiu nos grupos de vestuário (1,11%), habitação (0,36%), saúde e cuidados pessoais (0,28%), despesas pessoais (0,19%) e comunicação (0,21%). Isso significa que apenas os preços da educação (-0,04%) recuaram no mês. Por isso, a inflação subiu em todas as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE. A maior alta foi em Rio Branco (1,37%) e a menor, em Salvador (0,45%). Em Brasília, a inflação ficou acima da média nacional de 0,86% e marcou 1,02%.

 

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