Covid-19

"É um número assustador voltar a mil mortes", afirma Paulo Guedes

Ministro da Economia demonstra preocupação com o aumento de vítimas fatais da covid-19, mas evita admitir uma segunda onda e a prorrogação do estado de calamidade pública: "Estamos observando se é um repique"

Marina Barbosa
Rosana Hessel
postado em 18/12/2020 12:34 / atualizado em 18/12/2020 12:35
 (crédito: Anderson Riedel/PR)
(crédito: Anderson Riedel/PR)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou preocupação com o aumento do número de mortes provocadas pela covid-19 no país. Ontem, o número de óbitos diários voltou à casa dos de mil.

“É um número assustador voltar a mil mortes”, admitiu o ministro, nesta sexta-feira (18/12) durante balanço sobre as atividades da pasta no ano, em transmissão pela internet. Contudo, ele evitou considerar que o país está entrando em uma segunda onda e tentou descartar a prorrogação do orçamento de guerra e do estado de calamidade, que vem sendo defendido por governadores.

“Estamos observando se é um repique”, afirmou Guedes. Ele voltou a fazer uma analogia da necessidade de que o pássaro da economia precisa bater as duas asas simultaneamente: a da economia e a da saúde, que foram quebradas durante a pandemia. “Só é possível sustentar essa recuperação econômica e esse desafio que vem à frente, que é transformar a recuperação cíclica com base em consumo em uma retomada de crescimento sustentável, com base em investimentos, à medida que tenhamos o retorno seguro ao trabalho. E o retorno exige a vacinação em massa da população brasileira”, disse.

Durante apresentação de uma hora a jornalistas, antes de iniciar as respostas a perguntas, o ministro tentou minimizar os atrasos da agenda de reformas neste ano. Ele apontou a pandemia de covid-19 como principal motivo e avaliou que as medidas do governo para combater os efeitos da crise foram tomadas “rapidamente”. Nesse sentido, segundo ele, forma priorizados os mais vulneráveis, para os quais foram destinados mais de R$ 300 bilhões dos R$ 600 bilhões de gastos emergenciais com o orçamento de guerra.

Na avaliação de Guedes, um dos programas mais bem-sucedidos foi o do benefício emergencial para as empresas preservarem os empregos, que custou 10% do impacto fiscal das medidas, ou seja, R$ 60 bilhões. “Foram quase 20 milhões de contratos de trabalho preservados, beneficiando 10 milhões de trabalhadores”, afirmou. “Esse foi o mais bem sucedido programa de preservação de emprego e não há caso semelhante nas reuniões que tenho com ministros da Fazenda de outros países”, afirmou.

Pedidos de prorrogação

Ao adiar o reconhecimento da segunda onda de covid-19, o governo federal também adia a avaliação dos pedidos de prorrogação do estado de calamidade pública, que já foram apresentados por parlamentares e pelos governadores do Nordeste. Como mostrou o Correio, o Consórcio Nordeste enviou, ontem, ofício ao presidente Jair Bolsonaro pedindo que o estado de calamidade seja prolongado pelo primeiro semestre de 2021, como já fizeram Pernambuco, Rondônia e o Distrito Federal, para poder manter os gastos emergenciais com a covid-19.

O governo, contudo, ainda não deu resposta ao pleito, pois, como afirmou Guedes, ainda quer avaliar a evolução da pandemia para tratar do assunto.

O ministro da Economia assegurou que, se uma segunda onda da pandemia de covid-19 for confirmada pelas autoridades de saúde, o governo terá que tomar novas ações intempestivas. "Havendo isso, evidentemente temos que ter uma ação tão fulminante e decisiva como tivemos da outra vez", admitiu. Guedes já disse que essa possibilidade poderia levar ao prolongamento do auxílio emergencial, que já consumiu R$ 321 bilhões. Por isso, destacou que esse ainda não é o "plano A", e indicou que o governo faria ajustes nos programas emergenciais no caso de uma segunda onda, renovando o que foi bom e acabando com o que não deu certo.

"Hoje, o plano é: a doença cedendo e a economia voltando, o programa termina em 31 de dezembro, o Brasil está de volta, as reformas estruturais estão de volta. Se não for essa a realidade, vamos ter que pensar o que fazemos. E aprendemos bastante... vamos fazer o que deu certo melhor e não vamos fazer o que não deu certo. Mas a grande esperança é a vacinação em massa, para garantir o retorno seguro ao trabalho, ponderou. Ele explicou que "não podemos usar a doença como uma desculpa para a irresponsabilidade fiscal".

 

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