Balanço da pasta

Paulo Guedes reconhece atrasos na agenda econômica

Ministro da Economia responsabilizou Congresso e a pandemia pela demora nas ações: "'Covid é um ano a menos do governo". E defendeu a retomada das privatizações

Marina Barbosa
Rosana Hessel
postado em 18/12/2020 15:13 / atualizado em 18/12/2020 16:40
 (crédito: Ministerio da Economia)
(crédito: Ministerio da Economia)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, apontou avanços durante os dois anos de governo Bolsonaro, mas também reconheceu fracassos. Em um balanço das ações da pasta, afirmou que não é um “superministro” e reconheceu que houve atrasos nas reformas e na agenda de privatizações, jogando no colo do Congresso o impedimento dos avanços.

“Se a gente fizer boas privatizações, tem recursos para aposentadorias”, afirmou Guedes, nesta sexta-feira (16/12). Ele reconheceu que a agenda deste ano foi perdida durante a pandemia. “Covid é um ano a menos do governo lutando contra a pandemia”, afirmou, justificando o atraso e voltando a defender essa agenda como forma de criar recursos para programas sociais.

Ao defender as privatizações, o ministro reconheceu que o governo não tem mais capacidade de investir,  porque a União não tem dinheiro, citando o caso da Eletrobras, que está “quebrada” e não tem capacidade para melhorar a estrutura, que exige investimentos anuais de grande porte para evitar riscos de apagão no país. A estatal estava no cronograma de privatizações do governo Michel Temer e, agora, está programada para ser vendida em 2021.

Além da Eletrobras, o ministro voltou a defender a venda dos Correios e da PPSA, estatal que administra os contratos de concessão de petróleo do pré-sal, e do Porto de Santos. “São quatro privatizações óbvias que eu vinha negociando com o Congresso”, afirmou. Ele prometeu várias vezes neste ano vender essas empresas, mas não conseguiu avançar. “Foi nesse período que eu descobri que havia um pacto de não pautar”, declarou. Agora, segundo ele, acabaram as promessas. "Não prometo mais nada", disse.

O chefe da equipe econômica voltou a criticar as estatais que dão prejuízo, como o caso da Ceitec (Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada), “a empresa do chip do boi”. Ele lembrou que o decreto de liquidação da estatal sediada no Rio Grande do Sul foi publicado nesta semana no Diário Oficial da União (DOU) e demonstrou frustração com o fato de não conseguir vender nem eliminar esses custos que poderiam abrir espaço para outras despesas sociais.

De acordo com o ministro, as empresas estatais deficitárias, como a Ceitec, custam “mais de R$ 30 bilhões por ano”. “Nós sustentamos estatais ineficientes com recursos que podiam dobrar o Bolsa Família”, afirmou.

Balanço político

O chefe da equipe econômica fez novamente um balanço político sobre a perda de força da esquerda nas eleições municipais deste ano ao defender a retomada das privatizações como um dos principais itens da agenda liberal-democrata e, que "até o DEM deveria apoiar". 

"Está havendo uma vitória da centro direita e essa aliança tem que ser orgânica para enfrentar as privatizações. O governo esta encontrando o seu eixo político", garantiu. Para ele, o toma-lá-dá-cá não vai ter espaço nessa agenda. "Acho que a democracia vai evoluir em torno de temas", disse.

Para o ministro, os partidos do chamado Centrão, ganharam espaço até de partidos de centro-esquerda como o MDB. Além das privatização das estatais federais, para ajudar a reequilibrar as contas da União, ele defendeu a de abertura da economia, transformando o Brasil em uma verdadeira economia de mercado.

Nesse sentido, Guedes voltou a afirmar que, ao contrário da União Soviética, o Brasil fez a abertura política, a Glasnost, mas não conseguiu fazer a transição para realizar a abertura econômica, a Perestroika. "Continuamos com a mesma estrutura, e com os governos de centro-esquerda durante 30 anos, que não conseguiram fazer a transição econômica do processo de abertura da economia global", disse. "As viúvas do socialismo mergulharam nos mercados globais para fugir da miséria e estamos hesitando para fazer a transição da economia de mercado ", disse.

Para o ministro, o governo precisa desaparelhar as empresas públicas e acabar com o monopólio de estatais que “quebraram o país”. E citou como exemplo o programa de concessões e de privatizações e a venda de mais de 30 aeroportos.

“O nosso diagnóstico é que o excesso de gasto público corrompeu a economia brasileira. Queremos vender estatais para recuperar a capacidade de investimento e acabar com a corrupção”, afirmou. Ele citou mais de uma vez o mensalão, que teve origem nos Correios, como forma de tentar apoio para avançar nessa agenda que está travada. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Ceagesp "em uma aliança anticorrupção".

 

 

 

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