Mercados

Dólar sobe a R$ 5,50 e Bolsa cai 1,46%

O real já é uma das moedas que mais se desvalorizaram perante o dólar em 2021, segundo a Austin Rating

Marina Barbosa
postado em 11/01/2021 18:42 / atualizado em 11/01/2021 18:44
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O dólar disparou nesta segunda-feira (11/01), pressionado pelo tom de cautela que tomou conta dos mercados mundiais e pelas incertezas que rondam o Brasil. Por isso, fechou o dia cotado a R$ 5,50, no maior nível desde novembro.

A moeda norte-americana começou a semana a R$ 5,41, mas chegou a bater R$ 5,51 na máxima do dia e terminou o pregão com uma alta de 1,69%. A Bolsa foi no caminho oposto e caiu 1,46%, saindo do patamar recorde de 125 mil pontos alcançado na semana passada.

No ano, o dólar já acumula uma alta de 6% no Brasil, já que estava cotado a R$ 5,19 no início de 2021. O real já é, portanto, uma das moedas que mais se desvalorizaram perante o dólar neste ano. 

Levantamento da Austin Rating realizado a pedido do Correio, mostra que apenas duas moedas se desvalorizaram mais que o real nos primeiros dias de 2021: o dinar da Líbia, que perdeu 69,8% para o dólar, e o bolívar venezuelano, que já se desvalorizou 25,8%. Disputando a terceira posição do ranking de desvalorização com o real, estão as divisas da África do Sul, da Namíbia, da Suazilândia e do Lesoto, com 5,9% de perdas.

Economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini explicou que o dólar está subindo em todo o mundo por conta das incertezas sobre a pandemia de covid-19 e da tensão política nos Estados Unidos, que elevam a cautela dos investidores. Porém, tem subido mais no Brasil por conta do risco fiscal e as incertezas políticas do país.

Agostini acredita que o dólar vai continuar pressionado em todo o mundo até abril, quando se espera que o programa de imunização contra a covid-19 já esteja em estágio avançado em algumas das principais economias mundiais. Porém, diz que a moeda norte-americana pode continuar em alta no Brasil ao longo de todo o primeiro semestre.

"No Brasil, demora mais porque tem outras questões, além da preocupação dos investidores com a pandemia. A ausência de um programa nacional de vacinação, as discussões políticas sobre o rumo das reformas e do ajuste fiscal e a mudança na presidência da Câmara e do Senado, que interfere no plano do governo de fazer reformas estruturantes, vão fazer com que o dólar continue fortalecido no país em toda a primeira metade do ano", acredita Agostini.

Estrategista-chefe da Laatus Investimentos, Jefferson Laatus lembrou, por sua vez, que o Banco Central (BC) está atento a esse movimento e agiu, por meio de um leilão extraordinário de swaps cambiais, para tentar conter a alta do dólar nesta segunda-feira. "Tivemos uma desvalorização forte do real nesta segunda-feira, mas o BC deu uma demonstração de que não vai deixar o dólar acima dos R$ 5,50", comentou.

Segundo o Boletim Focus, o mercado espera que a moeda norte-americana termine o ano cotada a R$ 5. Laatus explicou que o apetite ao risco dos investidores pode voltar assim que a vacinação contra a covid-19 e a recuperação econômica avançarem mundo afora. E o Brasil pode se beneficiar desse movimento, sobretudo se avançar com a agenda de reformas.

"Com a retomada global, a melhora da pandemia e sem crises políticas internas, há espaço para a Bolsa ganhar força, o que tira pressão do dólar no médio e longo prazo. Porém, a pressão ainda é grande no curto prazo. Temos que esperar a eleição da Câmara, pois pautas como o auxílio emergencial e o impeachment dependem disso", esclareceu Laatus.

Bolsa

Bolsas de todo o mundo operaram em queda nesta segunda-feira, realizando os lucros recordes realizados na semana passada e aguardando os próximos passos da política e da economia norte-americana. Por isso, depois de bater os 125 mil pontos, o Ibovespa fechou o dia com queda de 1,46%, aos 123.255 mil pontos.

"O Ibovespa foi puxado para baixo pela movimentação de blue chips com uma correção global. Desde a abertura, empresas muito beneficiadas pelo bom humor da semana passada registraram perdas, caso de Vale, Petrobras e bancos, por exemplo, todas com bastante peso no índice", comentou a especialista da Rico Investimentos, Paula Zogbi.

Ela ressaltou, no entanto, que o cenário doméstico também pesou contra o Ibovespa. Por conta disso, a queda da Bolsa de Valores de São Paulo foi maior que a de índices como S&P (-0,6%) e Dow Jones (-0,29%).

"A Anvisa rejeitou e solicitou novamente parte da documentação do Instituto Butantan em seu pedido de aprovação emergencial da CoronaVac. No âmbito da política doméstica, as falas do candidato à presidência da Câmara apoiado por Rodrigo Maia, Baleia Rossi, geram sentimentos dúbios. Ele tem mencionado medidas como a extensão do auxílio emergencial, mas também defende responsabilidade fiscal", lembrou Paula.

 

 

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