Covid-19

Com pandemia, serviços sofrem tombo recorde de 7,8% em 2020

O setor tem apresentado uma recuperação mais lenta que o comércio e a indústria, já que atividades como os restaurantes, os hotéis e as academias dependem do contato social

Marina Barbosa
postado em 11/02/2021 09:46

Responsável pela maior parte da economia e dos empregos brasileiros, o setor de serviços despencou 7,8% em 2020. O resultado, divulgado nesta quinta-feira (11/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidencia a dificuldade do setor diante das medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de covid-19.

O baque de 7,8% era esperado pelo mercado, que já vinha avisando que o setor de serviços terá uma recuperação mais lenta que o comércio, que cresceu 1,2% em 2020, e a indústria, que caiu 4,5% no ano passado. Porém, de acordo com o IBGE, é o pior resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em 2012. Na crise de 2016, por exemplo, o recuo foi de 5%. Já em 2019, o setor havia crescido 1%.

Segundo o IBGE, o resultado negativo foi sentido por mais de 70% dos 166 tipos de serviços analisados no país. O maior baque, no entanto, foi o dos serviços prestados às famílias, que despencaram 35,6% por conta das limitações impostas pela pandemia a serviços como os restaurantes, os hotéis e as academias. Ainda registraram queda recorde no ano os serviços profissionais, administrativos e complementares (-11,4%) e os transportes (-7,7%).

“A necessidade do isolamento social, o fechamento de diversos estabelecimentos – seja parcial ou integralmente – considerados não essenciais, o receio de contágio das famílias, a inexistência de uma medicação que combata a covid-19 e o horizonte de tempo ainda distante de uma vacinação em massa são fatores que atuam como um limitador de uma recuperação mais acelerada do setor, sobretudo, em relação aos de caráter presencial”, lembrou o gerente da PMS, Rodrigo Lobo.

Com isso, só o subsetor de outros serviços conseguiu escapar do vermelho em 2020. A atividade cresceu 6,7% no ano, impulsionada pelos agentes do mercado financeiro e de investimentos, como os corretores de valores. “Com a queda recente da taxa de juros, famílias e empresas passaram a procurar outras formas de investimento alternativas à poupança e estão migrando para investimentos de renda fixa ou variável. E empresas desses segmentos financeiros auxiliares também tiveram aumento de receita em função dessa intermediação que fazem do mercado financeiro com as famílias e empresas que buscam por aumento de rendimento”, explicou Lobo.

Dezembro

O baque anual de 7,8% vem depois de o setor cair mais de 20% no início da pandemia, ensaiar uma recuperação entre junho e novembro e abandonar esse ciclo de seis meses consecutivos de crescimento no fim do ano. De acordo com o IBGE, os serviços ficaram na estabilidade, com queda de 0,2%, em dezembro. O recuo foi puxado pelos serviços prestados às famílias (-3,6%) e pelos transportes, serviços auxiliares ao transportes e correio (-0,7%).

“Entre junho e novembro, o setor de serviços mostrou uma recuperação importante (18,9%) depois de ter caído de forma considerável nos meses iniciais da pandemia, entre março e maio. Não havia alcançando ainda o patamar pré-pandemia e, agora no mês de dezembro, interrompe essa sequência de taxas positivas e mostra uma ligeira variação negativa, uma espécie de acomodação frente ao crescimento recente”, lembrou o gerente da PMS.

O recuo dos serviços em dezembro vem em meio ao recrudescimento da pandemia, que exigiu novos fechamentos em algumas cidades do país, e também em meio aos últimos pagamentos do auxílio emergencial - os mesmos fatores que, segundo especialistas, levaram a um tombo inédito de 6,1% do comércio em dezembro do ano passado.

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