CORREIO TALKS

"Auxílio emergencial não é o vilão da inflação", destaca economista da CNA

Segundo a superintendente da CNA, Fernanda Schwantes, incertezas na área política, na economia e no mercado, que têm reflexos diretos no câmbio, ajudaram a elevar o custo de vida e, consequentemente, os juros

Rosana Hessel
postado em 23/03/2021 17:18 / atualizado em 23/03/2021 20:12
 (crédito: mkt)
(crédito: mkt)

O auxílio emergencial não é o vilão da inflação do ano passado e que deu repique neste ano, fazendo o Banco Central elevar a taxa básica da economia (Selic) de 2% ao ano para 2,75% anuais, na semana passada. Essa é a avaliação da economista Fernanda Schwantes, superintendente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), durante o primeiro painel do seminário on-line Correio Talks: "Desafios para o Brasil no pós-pandemia", realizado, nesta terça-feira (23/3), pelo Correio em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

“O benefício ajudou a sustentar a demanda da população mais vulnerável e dos trabalhadores informais”, frisou a especialista durante o evento. Ela destacou ainda que o auxílio "tem um papel importante para socorrer os trabalhadores informais". 

O dólar está mais forte, principalmente, devido à conjuntura de incertezas no cenário político e econômico do país de acordo com ela. Essa valorização cambial está sendo refletida nos preços de alimentos e da gasolina, principalmente. Com a inflação em alta, o poder de compra dos brasileiros encolhe.

De acordo com a especialista da CNA, a agricultura destacou-se em 2020 ao apresentar crescimento durante o pior período da pandemia, mas nem todos os setores agrícolas tiveram bom desempenho. Os segmentos mais afetados foram o de hortaliças, o de flores e o de produtos lácteos.

Preocupação com a Selic

Apesar de Fernanda Schwantes não lamentar a alta da Selic pelo Banco Central e a sinalização de novos ajustes nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), ela destacou preocupação do setor sobre os juros mais altos e indefinição no orçamento para os subsídios agrícolas. “No caso da agropecuária, o ajuste do Copom traz muita incerteza quando os produtores começam a negociar empréstimos para o próximo Plano Safra”, destacou. Segundo ela, não há uma definição do tamanho do Plano e muito menos qual será o custo dos empréstimos, que devem ficar mais caros, pois o Orçamento de 2021 — que ainda está em discussão no Congresso — tem previsões de cortes desses recursos na equalização das taxas de juros. 

De acordo com a economista, após registrarem queda desde 2013, as contratações de crédito do setor agrícola via o Plano Safra cresceram de 20% no ano passado, somando R$ 150 bilhões. “Esse aumento ocorreu na finalidade de investimento devido à alta dos preços das commodities no mercado internacional”, destacou.

A especialista lembrou que, apesar de o dólar mais valorizado ajudar na exportação de produtos agrícolas, ele vem aumentando os custos nas importações de insumo. 

Pós-pandemia

Em relação aos desafios para o país pós-pandemia, a economista da CNA disse que torce muito para que a economia se recupere “o mais rápido possível”, com crescimento em todos os setores e não apenas na agricultura. “A nossa expectativa é de que a economia, como um todo, consiga retomar o crescimento necessário para melhorar as condições de vida para a população”, disse. “Só retomando o tomando o crescimento econômico é que vamos melhorar as condições de vida da população”, adicionou.

A abertura do Correio Talks foi realizada pelo presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que reforçou a necessidade de vacinação.“Nós temos um foco único, neste instante, que é minimizar os impactos da pandemia no Brasil”, disse. O parlamentar criticou a minoria que nega a pandemia e que não terá vez na agenda do Congresso. "Essa não é a minoria que pauta”, disse.

 

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