CORREIO TALKS

Brasil perdeu US$ 630 bilhões em oito anos, diz Alberto Ramos

Diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs afirma que o país deixou de ganhar montante maior do que o PIB de 175 nações por falta de reformas e baixo crescimento

Simone Kafruni
postado em 23/03/2021 18:21 / atualizado em 24/03/2021 10:42
 (crédito: Reprodução/YouTube)
(crédito: Reprodução/YouTube)

O Brasil enfrenta dois problemas: um pandêmico, relativo à covid-19, e outro endêmico, de baixo crescimento há décadas, que resultou, nos últimos oito anos, em uma perda de US$ 630 billhões. A afirmação é do diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Sachs, que participa, nesta terça-feira (23/3), do seminário on-line Correio Talks: "Desafios para o Brasil no pós-pandemia", realizado pelo Correio em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Segundo ele, a pandemia será resolvida, cedo ou tarde, com uma campanha eficiente de vacinação e a imunidade de rebanho. “Aí, vamos voltar à trajetória normal, que é o problema estrutural do Brasil, de níveis baixos de crescimento, de investimento e de produtividade”, alertou.

O especialista calculou que o crescimento anual médio do país, de 2012 a 2019 (excluindo 2020 por conta da pandemia), foi de apenas 0,4%. Nesse período, a dívida pública saiu de 54% para 90% do Produto Interno Bruto (PIB). “Se o país tivesse sido bem manejado, com reformas e uma macroeconomia prudente, poderia ter tido uma média de 3% de crescimento. Ou seja, perdemos a possibilidade de acumular riqueza de 27% do PIB”, afirmou.

Como em 2020, o PIB foi de -4%, o economista arredondou a perda para 30% do PIB em oito anos. “Se o PIB é de US$ 2,1 trilhões, perdemos US$ 630 bilhões, ou R$ 3,2 trilhões, a um câmbio real de R$ 5. Há 190 economias no mundo, o valor de US$ 630 bilhões é mais elevado do que 175 delas. Isso dá uma ordem da magnitude do desastre”, comparou.

Ramos ainda contabilizou a perda de cada brasilero. “O Brasil tem 210 milhões de habitantes. Se fosse dividir essa riqueza que deixou de ganhar, per capita, dava US$ 3 mil ou R$ 15 mil para cada habitante. Como há 73 milhões de famílias, poderia ter mandando um cheque de U$ 8,8 mil ou R$ 43 mil para cada uma. Se concentrasse nos 20% mais pobres, o país poderia pagar R$ 200 mil para cada família. Isso dá uma ideia do que perdemos com o mau manejo macro e com a falta das reformas estruturais”, pontuou.

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