Inflação

Presidente do BC está preocupado com a inflação dos alimentos

Campos Neto diz que "a economia está aprendendo a conviver com a pandemia". E garante: "o impacto será menor que em 2020"

Vera Batista
postado em 09/04/2021 14:29
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Os impactos do pacote de estímulo americano, de US$ 1,9 trilhão, está sendo observado pelo Banco Central do Brasil, no intuito de avaliar em que medida vai interferir na inflação, no comportamento dos investidores estrangeiros e no balanço de pagamentos dos mercados emergentes. “É algo que estamos vendo. Os emergentes sentem mais os efeitos na inflação. Muita gente achava que a inflação tinha morrido, mas vai ter agora uma precificação (do mercado)”, afirmou Roberto Campos Neto, presidente do BC, ao participar de um evento on-line da XP sobre o “Atual cenário econômico e político no Brasil e América Latina”.

Campos Neto destacou que, ao contrário dos desenvolvidos, os emergentes são mais afetados pela inflação dos alimentos e a maior preocupação agora é com o preço das commodities (mercadorias com cotação internacional), que vem subindo de forma surpreendente. Questionado sobre o Orçamento de 2021 aprovado pelo Congresso e considerado de difícil execução pela equipe econômica, o presidente do BC disse que a peça orçamentária afeta de forma efetiva a inflação e a condução da política monetária. “O fiscal é importante para nós. Também estamos vendo como a inflação se comporta”, ponderou.

Em relação à pressão dos analistas sobre a Taxa Básica de Juros (Selic), após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou os juros anuais em 0,75 ponto percentual, e também à desvalorização do real frente ao dólar, Campos Neto reiterou que o mais importante é como a desvalorização vai mexer com o custo de vida. “Faremos o necessário para manter a inflação dentro da meta”, disse. Mesmo com todos os possíveis entraves, o presidente do BC espera que, no segundo semestre de 2021, a economia brasileira retome o ânimo.

“Quando se olha a pandemia, se vê que o Brasil está encarando a segunda onda, que se espalha mais rápido e é mais contagiosa, de forma eficiente. A economia está aprendendo a conviver com a pandemia e o impacto será menor que em 2020”, destaca. Dessa forma, a expectativa da autoridade monetária é de que, em 2022, a atividade econômica tenha um impulso de 3,5%, praticamente estável em relação às perspectivas para 2021, que foram de crescimento de 3,6%, de acordo com o último relatório do BC. “Mas isso vai depender muito de vacinas e da segunda onda”, afirmou.

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