As últimas medidas restritivas em alguns estados surtiram pouco efeito na redução da mobilidade, o que manteve o índice de contaminação pela covid-19 no país muito alto, segundo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em live promovida pelo Banco Daycoval, nesta terça-feira (30/3). “Em alguns países, a mobilidade estava média ou alta, porém com queda em internações e óbitos por conta da vacinação. Em outros, a falta de restrições acelerou casos. E, em alguns, a contaminação subindo mesmo com casos isolados de lockdowns. No Brasil, a eficiência dos últimos lockdowns foi baixa em termos de mobilidade”, disse.
No entanto, Campos Neto confira no cronograma de vacinação do país e acredita que em dois ou três meses, o grupo de risco terá sido vacinado, o que possibilitará a abertura mais rápida da economia. “Teremos uma curva, que fará com que a internações e óbitos caiam”, estimou.
Mercado de trabalho
Entrevistado pelo economista Gustavo Franco, conselheiro do Daycoval, o presidente do BC comentou a divergência sobre o mercado de trabalho, provocada pelas pesquisas Caged (empregos com carteira assinada), do Ministério da Economia, e Pnad (pesquisa que inclui informais), do Instituto Brasileito de Geografia e Estatística (IBGE).
“O setor no Caged, com forte crescimento em vários setores, falamos sobre essa divergência no RI, o setor formal recuperou forte, com mais de 400 mil empregos gerados em fevereiro. No caso dos informais, parte dos membros do BC estima uma retomada acelerada quando a economia abrir. Eu me situo no grupo que acha que vai demorar um pouco mais”, disse.
Campos Neto seguiu apresentando dados e resultados das medidas para combater o efeito da pandemia na economia. Confirmou a alta na concessão de crédito, de 15,7% em 2020, o maior crescimento entre os emergentes. “Muita coisa foi rolada”, reconheceu. No financiamento imobiliário, houve níveis recordes a cada mês. “O BC tomou medidas para ajudar o sistema financeiro a navegar durante a pandemia. O crédito continuou bem, com inadimplência baixa.”
Inflação
Franco perguntou ao presidente do BC se há condescendência da sociedade com a inflação alta. Campos Neto respondeu que, em reuniões com outros banqueiros centrais, havia percepção consensual de que a inflação permaneceria baixa por mais tempo. “Mas nunca vimos tanto estímulo tão coordenado. É uma grande força benéfica para fazer a economia pegar. Mas tem que existir uma percepção de que o custo fiscal do Brasil está nos diferenciando. Temos que ter cuidado especial e, por isso, aumentamos a nossa transparência no debate sobre juros, para informar a sociedade sobre esse tema.
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