O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a dizer nesta segunda-feira (12/4) que o Brasil precisa de austeridade e seriedade fiscal no combate à pandemia de covid-19. Ele alegou que, hoje, gastos adicionais podem trazer mais prejuízos do que benefícios para o país.
"Chegamos em um momento do enfrentamento à pandemia em que é preciso passar a mensagem de austeridade fiscal, de seriedade fiscal", afirmou Campos Neto, na Conferência Iberoamericana de Bancos Centrais, promovida pelo Banco da Espanha.
Ele explicou que o Brasil já tem um histórico de "diferentes graus de liberdade" em relação ao controle dos gastos públicos e que, hoje, tem um espaço muito pequeno para novos gastos fiscais, já que saiu mais endividado de 2020 por conta das políticas de enfrentamento à covid-19. Por isso, disse que, agora, novos gastos podem trazer prejuízos econômicos.
"É muito difícil, neste ponto em que estamos, imaginar que o Brasil e os países emergentes vão ter a mesma capacidade dos países desenvolvidos de formular políticas para enfrentar a crise. Quando se tenta um gasto adicional, a desorganização de preços tem um impacto maior do que o dinheiro que se coloca na economia. Não é producente", afirmou Campos Neto.
O presidente do BC lembrou que, diante desse cenário e da alta da inflação, as taxas futuras de juros já subiram no Brasil. E disse que, apesar de estar ocorrendo em vários países do mundo, esse processo teve um "destaque" no Brasil e na Turquia. Ele explicou que o preço dos alimentos vem sendo pressionado pela alta das commodities e tem um peso maior na inflação dos países emergentes. E lembrou que a alta das commodities pesou mais no Brasil por conta da desvalorização cambial, já que o dólar segue em alta devido às incertezas que rondam o país.
Campos Neto disse, então, que parte desse processo está relacionado ao nível de endividamento do país. "O processo de acumulação de dívida é um processo que tem grande influência sobre o que estamos vendo hoje [em relação à inflação]", comentou.
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