AMBIENTE EMPRESARIAL

Burocracia trava avanço de negócios no Brasil, diz Banco Mundial

Levantamento do Banco Mundial mapeia diferentes regiões do país e conclui que São Paulo é o estado que oferece as melhores condições para o funcionamento de empresas. Distrito Federal fica na 12ª colocação

Rosana Hessel
postado em 16/06/2021 06:00
Vista de Cingapura: ilha asiática lidera ranking de 190 países, ao lado da Nova Zelândia -  (crédito: Agoda.com)
Vista de Cingapura: ilha asiática lidera ranking de 190 países, ao lado da Nova Zelândia - (crédito: Agoda.com)

O estado de São Paulo é a unidade federativa com melhor ambiente de negócios do país, de acordo com dados da primeira edição do Doing Business Subnacional do Brasil, realizado pelo Banco Mundial (Bird), divulgado ontem. Na sequência, Minas Gerais, Roraima, Paraná e Rio de Janeiro completam a lista dos cinco estados com melhor classificação na pesquisa.

De acordo com o estudo, as regiões Sudeste e Sul tiveram os melhores desempenhos nacionais, mas, em todas as áreas, apesar de alguns avanços, os processos burocráticos ainda colocam o Brasil abaixo da média das economias da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da América Latina e do Brics, grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“O alto número de procedimentos e a falta de coordenação consomem tempo produtivo das pequenas e médias empresas. No entanto, uma visão granular de cada área revela gargalos, mas também boas práticas que podem ser replicadas através do país”, destacou o estudo de 368 páginas. Os técnicos do Banco Mundial informaram que vão realizar palestras ao longo do ano para apresentar as conclusões e tentar disseminar as boas práticas identificadas para prefeituras brasileiras.

A pesquisa utiliza a metodologia do Doing Business, que é feito pelo Banco Mundial junto a 190 países para fazer um ranking por nações. Na classificação global, que considera apenas os dados de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Brasil se encontra em 124º lugar no ranking dos países com melhor ambiente de negócios liderado por Nova Zelândia e Cingapura.

O levantamento do Bird considera a nota média para as 27 capitais federais em cinco categorias analisadas pelos técnicos do estudo: abertura de empresas, obtenção de alvarás de construção, registro de propriedade, pagamento de impostos e execução de contratos. Com isso, na lanterna do ranking, ficaram Pará, Bahia, Amapá, Espírito Santo e Pernambuco, que foram os piores lugares para se fazer negócios no país, pela nota média, segundo o estudo do Bird.

Brasília

O Distrito Federal ficou em 12º lugar entre as 27 unidades federativas, mas destacou-se negativamente com a vice-liderança do pior lugar para se abrir empresa, com tempo médio de 24,5 dias, à frente apenas de Goiás, que ficou com a lanterna com o maior número de procedimentos exigidos. Minas Gerais, por sua vez, ficou na liderança, com o menor prazo médio para o empreendedor conseguir a licença de funcionamento, de 9,5 dias, seguido por Santa Catarina, com 10 dias.

São Paulo, na liderança geral e da listagem para o registro de propriedade, está em 19º lugar no ranking para o pagamento de impostos. Essa categoria, que é a pior para o Brasil no ranking global do Doing Business, é liderada pelo Espírito Santo e tem o Pará em último lugar na classificação nacional.

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Brasileiras sofrem mais

As micro e pequenas empresárias brasileiras foram as que tiveram os negócios mais afetados pela pandemia da covid-19 em uma amostra de 37 nações. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa do banco norte-americano Goldman Sachs realizada junto às participantes do Programa 10 mil Mulheres. A iniciativa é voltada à capacitação de empreendedoras em 37 países, das quais 1,2 mil no Brasil.

Conforme a pesquisa, divulgada ontem, 83% das empreendedoras brasileiras conseguiram manter o negócio desde o início da pandemia. Outras 12%, porém, encerraram a empresa permanentemente, e 5% saíram do negócio com a chegada da covid-19 ao país. Das 83% das empreendedoras brasileiras que conseguiram manter os negócios, a maioria (66%) contou que registrou queda na receita. Outras 20% responderam que o faturamento não sofreu alteração e 14% registraram crescimento na receita.

A pesquisa tem como base as ex-alunas do programa de capacitação do Goldman Sachs, realizado em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e Fundação Dom Cabral. Os dados mostram que 53% das entrevistadas reduziram o número de empregados. Outras 40% não alteraram o quadro de pessoal e apenas 5% contrataram novos funcionários.

De acordo com o estudo, 53% das ex-alunas que participaram da capacitação do Programa 10 mil Mulheres no Brasil precisaram focar mais na família durante a pandemia, e mais de um quarto dessas empreendedoras contou que o aumento desse foco acabou prejudicando a capacidade de gerenciar o próprio negócio. Enquanto isso, 86% das empreendedoras contaram que sentiram que a performance de seus negócios foi impactada por esse fator fora do controle delas. Além disso, 71% dessas mulheres ainda se sentem confiantes sobre o futuro dos negócios.

“Descobrimos que quase todas as ex-alunas do programa tiveram dificuldade em gerir os seus negócios. O principal desafio foi financeiro, mas um segundo item importante foi relacionado ao papel único das mulheres como cuidadoras com responsabilidade pela gestão de famílias e empresas”, destacou o estudo. O relatório ainda apontou que as empreendedoras brasileiras estão adaptando os modelos de negócio à nova conjuntura e adotando ferramentas digitais nesse novo ambiente em meio à pandemia. “As provas da experiência com a covid-19 são claras: as mulheres líderes empresariais são resilientes. Mas, para prosperarem, precisam de toda a ajuda que podem obter”, complementou o documento.

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