CONJUNTURA

Desemprego segue em alta e chega a 14,7 milhões de brasileiros

Número de pessoas em busca de uma vaga aumentou 3,4% no trimestre encerrado em abril, na comparação com os três meses anteriores. País mantém taxa de desocupação recorde, de 14,7% da população ativa, segundo o IBGE

Fernanda Strickland
Fernanda Fernandes
postado em 01/07/2021 06:00
 (crédito: editoria de ilustração)
(crédito: editoria de ilustração)

O Brasil incluiu 489 mil novos desempregados nas estatísticas, que somam 14,761 milhões de trabalhadores desocupados, segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na análise, que observa o trimestre de fevereiro a abril de 2021, o índice de desemprego se mantém em 14,7%, o maior desde o início da série histórica do IBGE, em 2012. Comparado ao do trimestre anterior (de novembro a janeiro), o número de pessoas sem emprego teve aumento de 3,4%.

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- (foto: editoria de ilustração)

O alto índice de desemprego já era esperado, afirma Luis Alberto de Paiva, economista e presidente da Corporate Consulting. Paiva explica que um dos fatores para a elevação da taxa foi o fim de medidas adotadas pelo governo para atenuar a crise provocada pelo coronavírus.

“As empresas não teriam como manter seus elevados quadros funcionais para o ano de 2021. Com pouca mobilidade para equilibrar as contas, com a mesma carga fiscal e com elevação de custos provocadas pelo desabastecimento, tiveram que buscar medidas de contenção que, inevitavelmente, passam pela redução do quadro de pessoal”, afirma.

Desde abril de 2020, 3,3 milhões de pessoas perderam seus empregos, segundo os dados da Pnad/IBGE. O total do pessoal desocupado, no trimestre de fevereiro até abril, ficou em 48,5%, e se mantém abaixo dos 50% desde o trimestre divulgado em maio do ano passado, indicando que menos da metade da população apta ao trabalho tem emprego no Brasil.

Acompanhando o crescimento da taxa de desemprego, os trabalhadores informais — sem nenhum tipo de vínculo de trabalho ou CNPJ, também ocupam espaço cada vez maior na força de trabalho, e correspondem a 39,8% — 34,2 milhões de pessoas, segundo o IBGE.

“Com a aceleração no desemprego, o assalariado que possui baixa empregabilidade se sujeita a buscar ocupação em atividades muitas vezes de subemprego, ou liberais, criando desigualdade nas estatísticas de carteira assinada versus atividade liberais”, explicou Paiva.

O estudante Rafael da Silva de Paula, de 22 anos de idade, representa bem esse cenário. Antes de completar três meses de trabalho, que é o período de experiência, acabou sendo dispensado pela empresa. “Fui contratado com a carteira assinada em 25 de março, e demitido em 24 de maio. Eu ajudo em casa e, para pagar as despesas, estou fazendo bico com meu tio até conseguir um novo emprego. Mas está difícil. A maioria dos cargos pede experiência na área, e o horário muitas vezes é ruim”, explicou Rafael.

Oferta x demanda

O economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), explicou que a retomada da busca por trabalho daqueles que estavam isolados na pandemia é um dos motivos do aumento do índice de desemprego. Duque observou que o mercado de trabalho vem lentamente oferecendo mais oportunidades, mas não consegue acompanhar a demanda. “A gente observa uma recuperação tímida no número de empregos, acompanhada do aumento da população procurando emprego. Esse fenômeno ainda está longe de terminar”, afirmou.

Para o pesquisador, a retomada das atividades econômicas também contribui para o aumento do trabalho informal. “Tendo mais pessoas circulando e gerando renda, acaba aumentando a demanda pelos serviços informais. A volta das aulas presenciais também é favorável, pois os pais podem retomar o trabalho enquanto o filho estuda”, avaliou.

Dívida bruta do governo é de quase R$ 7 trilhões

A dívida pública bruta do governo geral cresceu R$ 31,1 bilhões em maio, na comparação com abril, passando de R$ 6.665,3 bilhões, para R$ 6.696,4 bilhões, maior valor desde março de 2021, conforme dados divulgados pelo Banco Central. Contudo, como proporção do Produto Interno Bruto, o endividamento encolheu 1,1 ponto percentual, passando de 85,6% para 84,5% do PIB. A redução se deve, em grande parte, ao aumento na previsão do PIB nominal utilizado na base de cálculo da dívida. O valor passou de R$ 7.888,5 bilhões para R$ 7.928,0 bilhões.

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