REAJUSTE

Saiba o que fazer para reduzir impacto do aumento na conta de luz

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou um reajuste de 52% no valor da bandeira tarifária vermelha e será cobrado R$ 9,49 a cada 100kWh consumidos

Jonatas Martins*
postado em 02/07/2021 19:19
 (crédito: Fré Sonneveld/ Unsplash)
(crédito: Fré Sonneveld/ Unsplash)

Na última terça-feira (29/6), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou um reajuste de 52% no valor da bandeira tarifária vermelha no patamar 2. Será cobrado R$ 9,49 a cada 100kWh consumidos. A taxa antiga era de R$ 6,24. Com o aumento na conta de energia elétrica, é importante entender como isso pode impactar seus hábitos e como é possível economizar com pequenas mudanças no seu dia a dia.

A medida começou a valer desde quinta-feira (1º/7). A mudança na tarifa está relacionada ao período de estiagem no Brasil, que impactou diretamente a geração de energia nas hidrelétricas. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o Brasil passa pela pior crise hídrica dos últimos 90 anos.

A Medida Provisória nº 1.031/21, que trata da privatização da Eletrobras, estabelece mudanças no setor elétrico e deve elevar as tarifas de energia em até 7, 31% entre 2027 e 2030, conforme levantamento feito pela TR Soluções.

Economia

Rafael Amaral Shayani, professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB), indica algumas formas para utilizar energia de uma maneira mais racional, com o objetivo de economizar no fim do mês.

Um bom começo é pensar sobre os hábitos de consumo dentro de casa. O básico seria “sempre que você sair de um aposento, apagar a luz”, porque isso já economiza energia. O professor explica que o gasto de eletricidade numa residência vem muito dos equipamentos que precisam de energia para controlar sua temperatura.

“Então, o chuveiro é o que mais gasta energia. Se você tomar um banho com chuveiro elétrico um minuto mais curto, você já está economizando bastante energia. Coisas que esfriam também gastam energia. Por exemplo, quando você abre a porta da geladeira e demora muito para escolher o que você quer pegar, o frio sai de dentro e depois gasta muita eletricidade para resfriá-la de novo”, comenta.

Ele considera que abrir a geladeira e escolher mais rapidamente é também uma forma de economia. Outros equipamentos com um alto gasto de energia são o ferro de passar e a máquina de lavar roupa. Rafael Amaral recomenda juntar toda a roupa para passar de uma vez só com o ferro já quente e colocar as roupas de acordo com a capacidade máxima da máquina, porque será possível lavar mais com a mesma quantidade de energia.

Além dos hábitos de consumo, uma outra forma bem moderna de economizar energia é com a utilização de tecnologia. Uma boa dica é utilizar lâmpadas LED, porque “iluminam tão bem quanto e consomem bem menos energia”. Outro ponto são os eletrodomésticos que têm o selo de eficiência energética da classe A, pois são os mais eficientes na utilização de eletricidade. “Uma geladeira ‘A’ e um ar-condicionado ‘A’ esfriam e te fornecem o conforto que você precisa, gastando menos eletricidade.”

Segundo o professor, uma inovação tecnológica interessante são as placas solares. “A legislação permite que cada um instale no seu telhado um sistema de energia solar, que gera eletricidade. Você vai reduzir o seu consumo de energia da rede elétrica brasileira, que agora está acionando muitas usinas térmicas poluentes, e vai ficar isento de pagar essa bandeira vermelha porque vai estar gerando sua própria energia e de uma forma limpa”, afirma.

Bandeiras tarifárias

A bandeira tarifária é uma forma de dar mais transparência para o consumidor sobre o preço real da energia que se paga. Rafael Amaral comenta que, antes, o consumidor só tinha uma real noção do preço da energia no fim do ano, quando “tinha que pagar todo o valor mais alto que gastou durante o ano sem saber que estava ficando mais alto”.

A bandeira tarifária vermelha deixa a energia mais cara e serve como uma indicação para o consumidor de que ele deve economizar energia. O principal motivo para o aumento no preço da eletricidade é a necessidade de utilizar a energia que vem de fontes térmicas, obtidas por meio de combustível fóssil e com a emissão de muitos gases que afetam o meio ambiente.

De acordo com o professor da UnB, a eletricidade no Brasil vem de diversas fontes energéticas. A principal delas, que inclusive é bem barata, é a hidrelétrica. Como a gente está em um período que corre o risco de as hidrelétricas não conseguirem gerar toda a energia necessária, é preciso acionar as usinas térmicas de forma emergencial. Porém, o tipo de energia dessas usinas é mais cara.

“É por isso que tem essa sinalização de bandeira tarifária, no caso, a bandeira vermelha no patamar 1 ou no patamar 2, para indicar que a energia está ficando mais cara porque a gente está acionando usinas térmicas poluentes e que é razoável que todo mundo utilize a energia de forma racional, sem esbanjar, porque isso tem um impacto ambiental e um custo”, explica.

A medida kWh

O kWh é a unidade utilizada para medir a quantidade de energia elétrica consumida. Seria o equivalente a litros para saber a quantidade de água. O professor comenta que é uma unidade um pouco diferente justamente porque não conseguimos ver ou pesar a eletricidade.

Segundo Amaral, o consumo de eletricidade em kWh depende da potência do equipamento e de quanto tempo ele fica ligado. “Se você compra um chuveiro elétrico, mas não o liga na tomada, o consumo dele é zero. Agora, se você tomar um banho por 10 minutos, o seu consumo é maior. Se você reduzir seu tempo para um banho de 5 minutos, então o consumo também reduz”, explica.

O cálculo é feito por meio da potência multiplicada pelo tempo de uso. Basicamente, 1kWh corresponde a um equipamento de potência de 1kW ligado durante uma hora. O engenheiro dá o exemplo de um chuveiro elétrico com potência de 4kW, que gastaria um 1kW com um banho de 15 minutos.

Simulador de consumo

Para indicar como o aumento na energia pode impactar o uso de eletricidade nas casas dos brasileiros, o Correio fez uma simulação do consumo dos equipamentos elétricos mais importantes sendo usados por uma hora todos os dias durante um mês. A conta utiliza a potência dos equipamentos em kW, dividindo por 1000 o número que representa os Watts.

Geladeira (500 Watts)

Uma geladeira funcionando normalmente durante o dia todo custará aproximadamente R$ 34,08 na conta final de energia. O equipamento ligado por uma hora todos os dias gastaria 15kWh em um mês, custando R$ 1,42. Antes, o valor seria R$ 0,93.

Fogão elétrico de 4 bocas (6000 Watts)

Esquecer um fogão elétrico ligado durante uma tarde completa de 8 horas pode custar até R$ 4,55. O equipamento ligado por uma hora todos os dias gastaria 180kWh em um mês, custando R$ 17,08. Antes, o valor seria R$ 11,23.

Chuveiro elétrico (5500 Watts)

Diminuir o tempo do seu banho por cinco minutos todos os dias durante um mês vai gerar uma economia de aproximadamente R$ 1,30. O equipamento ligado por uma hora todos os dias gastaria 165kWh em um mês, custando R$ 15,65. Antes, o valor seria R$ 10,29.

Ar-condicionado de 12.000 BTUs (2000 Watts)

Deixar de dormir com o ar-condicionado ligado por uma noite de oito horas gerará uma economia de aproximadamente R$ 1,52. O equipamento ligado por uma hora todos os dias gastaria 60kWh em um mês, custando R$ 5,70. Antes, o valor seria R$ 3,74.

Lâmpada (60 Watts)

Esquecer uma lâmpada ligada durante uma tarde completa de oito horas pode custar até R$ 0,05. O equipamento ligado por uma hora todos os dias gastaria 1,8kWh em um mês, custando R$ 0,17. Antes, o valor seria R$ 0,11.

* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer

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