CRISE ECONÔMICA

Sem lucro, motoristas desistem do transporte por aplicativo

Com o preço da gasolina nas alturas, os motoristas procuram alternativas de combustível para não saírem no prejuízo nas viagens

Gabriela Chabalgoity
Bernardo Lima
postado em 24/08/2021 06:00
 (crédito: Lis Cappi/Esp. CB/D.A Press - 10/2/20)
(crédito: Lis Cappi/Esp. CB/D.A Press - 10/2/20)

O constante aumento no preço da gasolina, com o litro batendo na casa dos R$ 7,00 em alguns postos, tem levado um número crescente de motoristas de aplicativos a abandonar a atividade diante da forte redução dos ganhos obtidos nas corridas.

“Hoje, nosso lucro tem que ser dividido meio a meio com a gasolina. Antes eu colocava R$ 100 de gasolina no carro e fazia R$ 250, R$ 300. Agora eu boto o mesmo valor e lucro R$ 100, no máximo R$ 120”, disse Manoel Scooby, líder do Movimento dos Motoristas de Aplicativos do Distrito Federal.

Com o preço da gasolina nas alturas, os motoristas procuram alternativas de combustível para não saírem no prejuízo nas viagens. “Quem mora fora do DF está abastecendo com etanol, que é mais barato no entorno, como em Planaltina-GO, Valparaíso. Outros estão indo para o gás GNV, porém só tem um posto em Brasília vendendo esse combustível”, afirmou Manoel Scooby.

O problema não se restringe à capital. Em São Paulo, o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos, Eduardo Lima de Souza, afirma, com base em números da prefeitura da cidade, que 25% dos motoristas de aplicativos deixaram de trabalhar para as plataformas desde o início da pandemia.

O resultado é a queda na qualidade dos serviços para o usuário. “Dá para perceber como diminuiu o movimento. Eu tenho recebido muito mais solicitações de viagem, principalmente para lugares muito distantes de onde estou”, disse Scooby, do DF.

Amilcar Barca Teixeira é motorista de aplicativo há dois anos e já tem planos de sair do ramo. Desanimado com o alto preço da gasolina, ele iniciou curso para se tornar corretor de imóveis “Já trabalho na área de vendas, vou tentar trabalhar também nesse ramo, porque aplicativo não dá. Com a gasolina chegando a R$ 7 nesta semana eu não tenho condição de pegar uma tarifa base da Uber de R$ 4,45”, lamentou.

Para o motorista, de 33 anos, a perspectiva é de que a qualidade do serviço piore com a desistência dos profissionais. “Tudo aumentou e a tarifa dos aplicativos diminuiu. Enquanto a Uber e a 99 não reajustarem esses preços, cada vez mais vai ter cancelamento de motorista, principalmente em viagem curta.”

*Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

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