CASA PRÓPRIA

Vendas de imóveis sobem 46,1% no 1º semestre, melhor resultado em 4 anos

Mesmo com ótimo resultado na série histórica, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) diz que demanda em alta, escassez de matérias-primas, alta nos custos de insumos e novos lançamentos pode pressionar valor dos imóveis para cima

Balanço divulgado nesta segunda-feira (23/8) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostra que o Brasil registrou aumento de 46,1% no número de apartamentos novos vendidos no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado, o melhor resultado em 4 anos. Os maiores índices de crescimento foram registrados nas regiões Nordeste e Sudeste, com 60,9% e 49,2% respectivamente.

Os dados foram coletados e analisados em 20 capitais e 162 cidades de Norte a Sul do país com ajuda do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional) e da Brain Inteligência Estratégica.

Mesmo com um aumento de 115% nos lançamentos em relação a 2017, José Carlos Martins, presidente da CBIC, mantém um tom de alerta na análise dos resultados. “Nós crescemos muito em comparação aos números de 2020, mas a preocupação são os lançamentos. Temos uma série de empresas que tinham empreendimentos prontos para serem lançados no primeiro semestre (de 2021) e que tiveram que recuar, porque na hora de fazer as contas, elas não fechavam.”

Segundo o presidente, o preço do imóvel subiu, mas não conseguiu se equiparar ao preço dos materiais, levando a uma demanda por apartamentos que, se continuar nesse ritmo, em breve, se tornará maior que a oferta. “Vai surgir uma pressão sobre o preço dos apartamentos incompatível com o salário das pessoas, que não aumentou tanto", ressaltou.

Como apresentado no estudo, considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, se não houver novos lançamentos, a oferta final se esgotaria em 8 meses.

Casa Verde e Amarela

O programa habitacional  Casa Verde e Amarela, criado pelo governo Bolsonaro em 2020, representou 48% do total de lançamentos no segundo trimestre de 2021 e 49% das unidades vendidas no mesmo período. Houve queda de 8,2% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e de 5,7% em relação ao segundo trimestre de 2020.

“Houve a necessidade de recálculo de muitos empreendimentos devido a alta de preços, sobretudo no Casa Verde e Amarela. São habitações que foram desenvolvidas, levaram um ano de projeto e aprovação, estavam prontas, mas que sofreram aumento de 15% ou 20% e tiveram que voltar para a prancheta.” ressaltou Fábio Tadeu Araújo, presidente da Brain Inteligência Estratégica.

Construção Civil

O número de trabalhadores com carteira assinada na Construção Civil apresentou alta de 15,15% em relação ao mesmo período do ano passado. É importante ressaltar, no entanto, que o setor poderia estar empregando muito mais: o ritmo observado nos dois primeiros meses do ano foi reduzido em 50%.

Segundo Celso Petrucci, presidente da Comissão de Logística Imobiliária, “a falta (de matérias-primas) e a alta nos preços dos insumos têm impedido um avanço mais consistente. Se houvesse um equilíbrio no aumento dos custos e, consequentemente, uma maior segurança dos empresários para colocarem seus produtos na praça, teríamos um ambiente muito mais favorável”.

Futuro

Os últimos pontos apresentados na coletiva abordaram a preocupação do mercado imobiliário com o futuro, citando a crise hídrica, a variante Delta da covid-19 e os 14 milhões de brasileiros desempregados. Do outro lado, também foram mencionados pontos otimistas para o setor, como o avanço no processo de vacinação contra o coronavírus e as projeções de resultado do PIB Brasil em 2021.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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