Ministro

Guedes diz estar confiante na aprovação das reformas e sobre precatórios

Em evento on-line nesta sexta-feira (8/10), ministro mandou vários recados ao mercado e aos parceiros do Mercosul e falou que perdeu dinheiro ao vender a empresa offshore

Vera Batista
postado em 08/10/2021 15:14
 (crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)
(crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta sexta-feira (8/10), que “confia no Congresso e na decisão da Suprema Corte”, no sentido de que tem como certa a aprovação, ainda este ano, das reformas tributária, do IR e administrativa; e também no fim da pendenga que está envolvendo o pagamento de uma pesada fatura de R$ 89 bilhões em dívidas judiciais. Ele participou de evento virtual do Itaú durante as reuniões de Primavera do FMI.

Na palestra, que começou às 12h de hoje, o ministro aproveitou, ao falar sobre o Mercosul, para anunciar que não iria almoçar. “Não quero almoço, quero negócios”, assinalou, ao se referir às negociações com os parceiros do bloco, especialmente com a Argentina. No início do discurso, Guedes afirmou que o Brasil está avançando, principalmente porque a maioria da população já está vacinada com a primeira dose. “Estamos garantindo a volta segura ao trabalho”.

Ele ressaltou que a economia voltou em V (queda brusca e rápida recuperação), com aumento da atividade e do emprego. E criticou especialistas nacionais e internacionais que previram queda de até 10% do crescimento. “Há muito barulho no Brasil, mas a democracia está avançando. O Brasil é o único país que, no meio da pandemia, está fazendo reformas”, afirmou.

O ministro admitiu também que, agora, o grande problema é a inflação — como acontece em todo o mundo —, mas que ela também está sendo debelada pelo Banco Central (BC), agora independente. Ele lembrou que várias medidas, como o congelamento dos salários dos servidores públicos, por dois anos, aliviaram as contas, não somente da União, como de estados e municípios, em R$ 160 bilhões. “As receitas reais estão quebrando recordes”, disse.

O Brasil, reforçou Guedes, parte para uma situação de crescimento sustentado, porque, com os programas de concessões e privatizações já conseguiu até o momento cerca de US$ 100 milhões de investimentos contratados. Tudo isso é um conjunto de ações que muitos, segundo ele, não estão entendendo, principalmente àquelas que enfatizam a descentralização da economia, “como acontece nos Estados Unidos”. “Temos que ter um pouco mais de treinamento para entender esse planejamento. Acho que falta treinamento”, ironizou.

Projetos

Guedes também falou sobre a redução de gasto público. “Nossa reforma administrativa está andando com mudança na reposição (de mão de obra). A cada 100 funcionários que saem, contratamos 70, porque estamos digitalizando o sistema”, explicou o ministro da Economia. Sobre a dívida dos precatórios, ele destacou que há necessidade de conciliar as demandas entre os Três Poderes. “Nós vamos resolver esse problema, de olho no fiscal. A questão é que um poder independente (Legislativo) diz que tem que ter teto dos gastos, e outro (Judiciário) diz que temos que gastar”.

Sobre a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 26), o ministro da Economia falou sobre a transição para a energia limpa — redução do uso de combustíveis fósseis. Ele lembrou que o país tem 50% de energia hidrelétrica, mas também fontes alternativas como solar e elólica. “Somos o primeiro verde no mundo e temos que ser respeitados

Nossa democracia, disse, “faz muito barulho, porque estava acostumada com governos de centro-esquerda”, mas, acrescentou o ministro, muita coisa estão, aos poucos, tomando outro rumo. Uma delas são as negociações com o Mercosul, “que estavam travadas e presas ao baixo crescimento”.

Offshore

Ao final do evento, mesmo não tendo sido questionado, Guedes fez questão de falar sobre as denúncias de que tem investimento em paraíso fiscal, onde se livra dos impostos cobrados no Brasil. “Não foi perguntado, por elegância, mas sobre a offshore, tudo é legal”. Ele disse que não há conflito de interesses, porque deixou a empresa antes de assumir um cargo no governo federal. “Ela (a empresa) foi declarada, não houve movimento cruzando as fronteiras, trazendo dinheiro do exterior ou mandando dinheiro ao exterior. Desde que eu coloquei dinheiro lá, em 2014 e 2015, eu declarei legalmente”, disse o ministro.

Esses recursos no exterior da empresas, de acordo com Guedes, agora estão com administradores independentes em jurisdições nas quais suas ações não têm influência. “Saí da companhia dias antes de vir aqui, eu dei todos documentos”, reforçou. Nessa transação de saída, contou, ele acabou perdendo dinheiro ao vender o patrimônio ao setor privado. “Construí maravilhosos projetos para o Brasil em educação, saúde. Vendi tudo em investimentos sabendo que eu estaria coletando agora. Perdi muito dinheiro para evitar problemas”, reforçou.

 

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