COMBUSTÍVEIS

Ministro nega desabastecimento: "Não recebemos nenhuma informação da ANP"

Após Petrobras confirmar que não conseguirá atender toda demanda de combustível solicitada para o mês de novembro, Bento Albuquerque, chefe da pasta de Minas e Energia, disse não ter sido comunicado pela ANP, "a quem cabe acompanhar a questão da distribuição, do fornecimento e da garantia do fornecimento"

Fernanda Strickland
postado em 20/10/2021 13:47 / atualizado em 20/10/2021 14:35
 (crédito: Ministério de Minas e Energia)
(crédito: Ministério de Minas e Energia)

Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou que não recebeu nenhuma informação sobre o desabastecimento de combustíveis no país por parte da Agência Nacional de Petróleo (ANP), “a quem cabe acompanhar a questão da distribuição e do fornecimento e da garantia do fornecimento”. A afirmação foi feita durante café da manhã realizado pela Frente Parlamentar Mista Pelo Brasil Competitivo, nesta quarta-feira (20/10). Ontem, a Petrobras confirmou que não conseguirá atender toda a demanda de combustível solicitada para o mês de novembro, o que poderá causar desabastecimento em alguns postos.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por sua vez, emitiu nota descartando, por enquanto, qualquer possibilidade de desabastecimento de combustíveis no mercado nacional. "Não há indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis, nesse momento. A ANP segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos".

O comunicado da Petrobras sobre o possível desabastecimento foi publicado após texto divulgado pela Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), dizendo que o setor comercial da estatal informou sobre uma "uma série de cortes unilaterais" nos pedidos feitos para compra de gasolina e óleo diesel para novembro.

Segundo a companhia, houve uma 'demanda atípica' de pedidos de fornecimento de combustíveis que extrapolará o ritmo de produção da petroleira. A confirmação vem após a Associação das Distribuidoras de Combustíveis informar sobre o risco de desabastecimento em postos a partir do próximo mês. De acordo com a associação, a Petrobras realizou "cortes unilaterais em pedidos de distribuição de gasolina e diesel".

"Para o mês de novembro, a Petrobras recebeu pedidos muito acima dos meses anteriores e de sua capacidade de produção. Apenas com muita antecedência, a Petrobras conseguiria se programar para atender essa demanda atípica", disse a companhia, em comunicado. "Na comparação com novembro de 2019, a demanda dos distribuidores por diesel aumentou 20% e a gasolina 10%, representando mais de 100% do mercado brasileiro", concluiu.

A Petrobras reforçou ainda que seu parque de refino opera com 90% da capacidade neste mês. O índice é 11% maior do que o registrado em todo o primeiro semestre deste ano. "Nos últimos anos, o mercado brasileiro de diesel foi abastecido tanto por sua produção, quanto por importações realizadas por distribuidoras, terceiros e pela companhia, que garantiram o atendimento integral da demanda doméstica".

"Potencial desabastecimento"

Segundo a estatal, como divulgado no Relatório de Produção e Vendas do 2T21, a companhia operou seu parque de refino, no primeiro semestre de 2021, com um fator de utilização (FUT) de 79%, em linha com a média de 2020 e superior ao registrado em 2019 (77%) e 2018 (76%), mesmo considerando as paradas programadas nas refinarias em seis refinarias (REDUC, RPBC, REGAP, RLAM, REPAR E REVAP), que foram postergadas de 2020 para 2021 em função da pandemia. No acumulado de outubro de 2021, a companhia está operando com FUT de 90%.

A Brasilcom sustentou em nota que houve maior demanda pelo diesel no mercado interno, com maiores pedidos para a Petrobras, porque o combustível no mercado externo está mais caro do que o valor praticado no Brasil. “As reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento, haja vista a impossibilidade de compensar essas reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil”, alegou a associação.

Privatização

O ministro Bento Albuquerque também foi questionado hoje sobre as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobre a privatização da Petrobras. “Não há nenhum estudo no âmbito do governo e no âmbito do Ministério de Minas e Energia em relação à privatização da Petrobras. O presidente não conversou comigo, eu não tomei conhecimento deste assunto. Não há nenhum estudo no âmbito da privatização da Petrobras”, reforçou.

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