Covid-19

Para Banco Central, pandemia da covid-19 pode se prolongar

De acordo com Roberto Campos Neto, comparado com o mundo desenvolvido, o Brasil está "indo bem na vacinação", devido ao fato de a rejeição da população contra os imunizantes ser muito baixa

Rosana Hessel
postado em 27/11/2021 06:00 / atualizado em 27/11/2021 12:15
Campos Neto: há preocupação global com estagnação -  (crédito: Alessandro Dantas/AFP)
Campos Neto: há preocupação global com estagnação - (crédito: Alessandro Dantas/AFP)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, demonstrou preocupação com a nova variante do coronavírus, identificada na África do Sul. Em evento virtual com investidores do setor imobiliário, ele admitiu que a pandemia, que até há pouco tempo dava sinais de que seria controlada, pode causar estragos ainda por mais tempo. "Acho que não vou conseguir me livrar tão cedo do primeiro slide", disse, referindo-se à imagem com dados sobre a covid-19 no mundo que costuma usar nas suas palestras. "Mas estamos na torcida para isso. A gente espera que todo mundo vá bem e consiga se livrar da doença", acrescentou.

De acordo com o presidente do Banco Central, comparado com o mundo desenvolvido, o Brasil está "indo bem na vacinação", devido ao fato de a rejeição da população contra os imunizantes ser muito baixa. "Em termos de vacinação, o Brasil passou vários países do primeiro mundo. Está com números de casos cadente em grande parte dos estados. Obviamente, a gente tem essa preocupação com a Europa e o impacto (dessa nova variante). Mas a vacinação tem sido um sucesso no Brasil", afirmou.

Durante a apresentação, Campos Neto reconheceu que há uma preocupação global com o risco de estagnação das economias, devido à recente desaceleração da China.

O presidente do BC tentou minimizar o risco de deterioração nas contas públicas, apontado por especialistas, por conta da PEC dos Precatórios, em tramitação no Senado. A matéria prevê um calote nas dívidas judiciais e amplia o teto de gastos para que o governo possa gastar mais no próximo ano eleitoral. O aumento do risco fiscal impactou os mercados nos últimos meses, mas, segundo Campos Neto, "foi pago um preço muito caro por um desvio relativamente pequeno". De acordo com ele, houve um problema de comunicação do governo, e é "preciso consertar a narrativa" em relação às mudanças que estão sendo feitas.

Inflação

Um dia após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar alta, em novembro, de 1,17% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que resultou num salto de 10,73% no acumulado em 12 meses, o presidente do BC voltou a reforçar a importância do combate à inflação. Ele admitiu que, no caso do Brasil é mais difícil por conta da indexação que perpetua a memória inflacionária.

Campos Neto reconheceu que o BC errou ao apostar que o ápice da inflação deste ano seria em setembro. De acordo com Campos Neto, o choque dos preços de energia acabou "surpreendendo", e afetando as cadeias produtivas, aumentando a disseminação da alta dos preços.

O presidente do BC ressaltou que o desafio para o controle da inflação, hoje, é maior do que em anos anteriores. "O Brasil nunca teve um surto inflacionário importante como agora. A aceleração dos preços em 2021 é de uma magnitude que gente nunca viu antes", afirmou.

 

 


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