CORREIO DEBATE

Para Tebet, promulgação da PEC dos Precatórios foi "imoral"

"Nunca vi acordos não serem cumpridos", lamentou a senadora Simone Tebet (MDB-MS), durante evento do Correio sobre os desafios de 2022 nesta quinta-feira (9/12)

Rosana Hessel
postado em 09/12/2021 17:17 / atualizado em 09/12/2021 20:13
 (crédito: Minervino Júnior/CB/DA.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/DA.Press)

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) não acredita que o governo conseguirá aprovar reformas em 2022, após o desastre, na avaliação dela, que ocorreu com a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, promulgada na quarta-feira (8/12), sem respeitar os acordos.

Segundo a parlamentar, a promulgação da PEC dos Precatórios foi imoral. "Nunca vi acordos não serem cumpridos", lamentou, nesta quinta-feira (9), durante o seminário Correio Debate: 2022 Para onde vai o Brasil, organizado pelo Correio Braziliense. Para ela, depois desse episódio, não existe a possibilidade de o governo aprovar projetos no ano que vem.

"Não estou pronta para votar nenhum projeto do governo, porque vai sair pior do que entrou na sanha de apresentar qualquer coisa e fazer qualquer negócio visando a reeleição", afirmou.  

A senadora também não poupou críticas às polêmicas emendas do relator, as RP9, que foram mantidas e que, no ano que vem, somam mais de R$ 16 bilhões em recursos que ficarão na mão de um único parlamentar em um orçamento bastante restrito para gastos não obrigatórios. "Uma única pessoa tem na mão mais do que os recursos do presidente da República", disse.

"O que estamos vendo com a RP9 foge a tudo e qualquer lógica no quantitativo e na forma", afirmou.  Para ela, há dois "pontos nefastos" para a manutenção dessas emendas: garantir lobbies ilegítimos e garantir que alguns políticos possam se sobressair no processo eleitoral de 2022.

A senadora criticou ainda o espaço fiscal, de R$ 62 bilhões, criado com a aprovação da PEC promulgada ontem, de forma fatiada, sem nenhuma vinculação. "Seria para matar a fome das pessoas e para a saúde pública e para a Previdência", afirmou ela, ao lado do vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos. "A batata quente está na sua mão", ironizou, em referência ao pedaço restante da PEC que não foi promulgado.

Privatizações

A parlamentar reforçou que os projetos do governo enviados ao Congresso estão sendo aprovados piores do que chegam, como foi o caso da MP da privatização da Eletrobras. Ela ainda defendeu uma privatização de estatais de forma mais seletiva e afirmou que é contra a privatização dos Correios, prometida pelo governo para 2022.

"Somos contra a privatização dos Correios. Tem que começar com as (estatais) que dão deficit e fazer uma modulação por categoria, e se (elas) precisam ou se são necessárias para a soberania nacional", afirmou. 

 

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