CB.AGRO

Suprimento de fertilizantes preocupa agronegócio

A maior parte dos fertilizantes utilizados no país vem de China, Ucrânia, Índia e Irã

Maria Eduarda Angeli*
postado em 11/12/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Brasil importa cerca de 80% dos fertilizantes usados na atividade agrícola. Em 2021, a importação desses produtos bateu recorde: de janeiro a novembro, foram quase 37 milhões de toneladas. Os fornecedores do país, no entanto, enfrentam redução da produção, ameaçando a satisfação da demanda brasileira.

Para o vice-presidente da AgroGalaxy (plataforma de varejo de insumos e serviços para o setor agrícola), Marco Teixeira, é necessário que a questão dos fertilizantes seja tratada por todas as partes envolvidas no processo de produção: "É um problema complexo, requer que todos os componentes da cadeia — governo, fornecedores, distribuidores, cooperativas e produtores — participem da discussão", disse Teixeira, que foi o entrevistado de ontem do CB.Agro, programa feito em parceria pelo Correio Braziliense e a TV Brasília.

A maior parte dos fertilizantes utilizados no país vem de China, Ucrânia, Índia e Irã. Segundo Teixeira, eses fornecedores externos têm tido dificuldade de manter o ritmo de entrega. A China está empenhada na transição da matriz energética — de carvão mineral para fontes renováveis — e, para atingir as metas ambientais, está elevando o preço da eletricidade, obrigando as empresas a reduzir o nível de produção.

A Índia declarou que seus estoques de carvão estão baixos, o que pode resultar em uma crise energética. Já a Ucrânia sofre com a ameaça de uma invasão russa, e o Irã vive tensão após a aplicação de sanções dos Estados Unidos em meio à tentativa de restabelecimento do acordo nuclear de 2015.

Esses cenários podem afetar a exportação de fertilizantes para o Brasil. Se isso, ocorrer, pode haver diminuição das safras novas altas de preços, inclusive da carne, já que plantas como a soja e o milho são transformadas em ração animal.

"Os investimentos previstos em aumento de produção local no Brasil são escassos, então para os próximos anos, a oferta de fertilizantes no país está limitada à capacidade instalada que temos hoje", avaliou Teixeira. Ele ressalvou, no entanto, que, apesar do risco de crise, não deve haver problemas a curto prazo, ou seja, para as próximas duas safras.

Ele afirmou também que a AgroGalaxy tem conseguido atender às demandas dos clientes por meio de conversas estratégicas com fornecedores, e que o governo federal tem se movimentado para tentar minimizar os efeitos da possível queda das importações.

Custo maior

Os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a agropecuária brasileira recuou 8%. Os preço e a falta de disponibilidade de insumos têm sido percalços para os produtores do país.

Apesar dos problemas, o IBGE e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) preveem safras recorde para 2022/2023. Marco Teixeira concorda: "Tivemos um bom padrão de chuva, então esperamos uma boa produção. O agro vai continuar crescendo ao redor de 8%, 9%, 10%", disse.

* Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo

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