BOLSA DE VALORES

Após declarações de Lula sobre Petrobras, Ibovespa fecha em queda

Semana foi marcada por alto fluxo de investimentos estrangeiros na bolsa brasileira, mas mercado teve reação negativa a falas do ex-presidente Lula

Fernanda Fernandes  
postado em 28/01/2022 19:36 / atualizado em 28/01/2022 19:38
 (crédito: Gerd Altmann por Pixabay )
(crédito: Gerd Altmann por Pixabay )

Embora a semana tenha sido positiva para o mercado financeiro nacional, nesta sexta-feira (28/1), declarações do ex-presidente Lula (PT) sobre a política de preços da Petrobrás acabou refletindo em queda nas ações de companhias que vinham em ritmo consecutivo de altas.

“Não temos que estar preocupados com o lucro (da Petrobras). Por que em vez de pagar dividendos para acionistas a gente não investe em refinarias? Os combustíveis não podem continuar subordinados a preços internacionais”, disse o ex-presidente, que ocupa o primeiro lugar nas pesquisas para presidência nas eleições de 2022.

Com isso, a Petrobras viu as ações recuarem, respectivamente, -2,97% e -3,96%. Outras empresas de varejo e do setor de consumo também sentiram o impacto do ruído. Foi o caso da Magazine Luiza, que liderou a alta no pregão um dia antes e nesta sexta perdeu -7,06%, das Americanas (-6,16%); Assaí (-1,36%); Natura (-6,48%); Alpargatas (-4,83%); e Ambev (-3,05%). O Ibovespa fechou o pregão com 111.910 pontos, com queda de -0,62%. O dólar teve mais uma queda, de 0,61%, fechando a R$5,39 reais, menor valor desde 1º de outubro de 2021 (R$5,36).

Apesar do ruído e em meio a expectativas de alta inflação, com previsão da Selic a 11,75% até o fim de 2022, o mercado financeiro deverá continuar na contramão dos mercados americanos, com fluxo estrangeiro bastante intenso na próxima semana, avalia o especialista Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

“Caso haja a ausência de grandes notícias ruins com relação ao nosso mercado interno e com um déficit público do Brasil melhor do que a gente esperava, nossas expectativas permanecem construtivas para o mercado local e a gente continua acreditando que a bolsa pode ter uma trajetória ascendente”, afirma Oliveira.

De toda forma, o mercado já colocou a próxima elevação de juros no radar. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne no início de fevereiro e a expectativa é de que a taxa básica de juros aumente em 1,5 ponto, para 10,75% ao ano. Mesmo assim, Flávio de Oliveira explica que o real ainda continua consideravelmente depreciado em relação ao dólar e os ativos brasileiros negociando a múltiplos extremamente baixos são fatores atrativos para investidores de outros países. Além disso, segundo o especialista, existe a ausência do fluxo de vendedores, uma vez que houve muitas vendas de participações e ações de investidores locais que migraram para renda fixa no fim de 2021.

“Esse fluxo enfraquece e aparentemente está parando, enquanto o fluxo estrangeiro permanece forte e é isso que está carregando nosso mercado para cima e deve prosseguir pelo menos nos atuais patamares de preço, em um cenário construtivo, pelo menos até o final de fevereiro positivo”, explica o especialista.

Mercado Internacional

As incertezas em torno de como e em que ritmo se dará o aumento de juros nos Estados Unidos deverão manter o mercado internacional em clima de apreensão, explica Flávio de Oliveira. Na avaliação do especialista, ainda que o Federal Reserve - FED (sistema de bancos centrais americanos) tenha começado a tangibilizar a elevação de juros no mercado americano, o que já estava no radar do mercado, algumas falas de Jerome H. Powell, presidente do FED, foram preocupantes.

“Ele (Jerome) falou apenas que iriam começar o processo de alta (nos juros), mas não detalhou muito, principalmente a partir de 2023, quantas elevações seriam e qual seria o ritmo dessas elevações, o que gerou um desconforto no mercado. De forma geral, o que domina o mercado internacional é o risco de inflação, que significa aumento de juros e acaba penalizando as bolsas de valores”, explica.

Outro fator relevante que pode refletir nas bolsas, na próxima semana, é a crise entre a Rússia e da Ucrânia, que segue sem final definitivo. “Esse tipo de conflito pode gerar elevação no preço das commodities energéticas, como o petróleo, e acaba afetando a inflação global, esse é um ponto negativo da próxima semana”, afirma Oliveira.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação