SETOR EXTERNO

Brasileiros gastam mais no exterior, mas não retomam nível pré-pandemia

Despesas de brasileiros fora do país somaram US$ 680 milhões em janeiro, aponta o Banco Central. Apesar de terem dobrado o valor em relação ao mesmo mês de 2021, estão abaixo dos patamares de 2020 e de 2019

Rosana Hessel
postado em 23/02/2022 15:01 / atualizado em 23/02/2022 15:02

Os gastos dos brasileiros com viagens internacionais voltaram a crescer em ritmo mais forte, mas continuam abaixo dos níveis pré-pandemia, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (23/2).

As despesas de estrangeiros em viagens no Brasil registrou aumento de 57% em relação a janeiro de 2021, somando US$ 421 milhões. Já os gastos de brasileiros no exterior mais do que dobraram, passando de US$ 308 milhões para US$ 690 milhões, entre os meses de janeiro de 2021 e de 2022.

“Esse resultado dos gastos de estrangeiros no país é maior do que todo o período da pandemia, exceto o primeiro mês, em fevereiro de 2020, quando as receitas com viagens somaram US$ 470 milhões. Mas esses números que nós temos hoje mostram que a recuperação é gradual e que ainda há espaço para crescer. O dado de US$ 421 milhões do mês passado ainda está muito abaixo dos dados de janeiro de 2019, por exemplo, que foram US$ 704 milhões de receita”, explicou o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.

O técnico reconheceu que a base de comparação ainda é muito baixa, mas destacou que deficits nas contas de gastos com viagens internacionais e com transportes foram os que mais aumentaram, e que apenas o saldo negativo das viagens “contribuiu com 45% do aumento do deficit da conta de serviços”.

A autoridade monetária, contudo, destacou que o aumento dessas despesas contribuiu para o avanço de 51,2% no saldo negativo da conta de serviços em janeiro deste ano, para US$ 1,5 bilhão. Os dados do BC indicaram salto de 589,7% no deficit da conta de viagens, passando de US$ 39 bilhões para US$ 269 milhões, entre os meses de janeiro de 2021 e de 2022.

“Na conta de viagens, a base de comparação é muito baixa, porque estávamos muito próximo do crescimento muito forte da segunda onda da pandemia, da variante delta e havia uma série de restrições de viagens. Mas mesmo considerando a baixa muito baixa, isso explica os elevados percentuais de cresciemento”, destacou Rocha, a jornalistas, em entrevista virtual.

Recuperação

De acordo com o técnico, no caso dos gastos dos brasileiros no exterior, os US$ 690 milhões do mês passado ficaram abaixo dos US$ 784 milhões de dezembro de 2021, apesar do aumento na comparação anual.

“Mas quando olhamos apenas os meses de janeiro, como o de 2020, antes da pandemia, essas despesas de brasileiros no exterior com viagens internacionais foram de US$ 1,4 bilhão. Ou seja, o resultado de US$ 690 milhões é uma recuperação em toda a pandemia, mas ainda está muito aquém do que era no período pré-pandemia”, explicou Rocha. Para ele, “parece haver bastante espaço para a recuperação dos fluxos, tanto nas receitas quanto nas despesas de viagens internacionais” no momento em que houver uma recuperação integral da atividade. Com isso, é provável prever o crescimento de deficits nessa conta.

O técnico do BC informou ainda que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados pelas empresas brasileiras no exterior ficou em 99% em janeiro. “Isso significa que houve captação de valor em quantidade praticamente suficiente para rolar compromissos das empresas no período”, disse. O dado, no entanto, ficou levemente abaixo dos 103% contabilizados em janeiro do ano passado.

Conforme dos dados do Banco Central, o deficit em conta corrente ficou em US$ 8,1 bilhões em janeiro deste ano, ante ao saldo negativo de US$ 8,3 bilhões em janeiro de 2021. Na comparação interanual, houve redução de US$ 1,1 bilhão no deficit da balança comercial, parcialmente compensado pelas elevações nos deficits em serviços, US$ 507 milhões, e em renda primária, US$ 392 milhões.

O deficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em janeiro de 2022 somou US$ 27,7 bilhões, o equivalente a 1,71% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês anterior, o saldo negativo foi de US$ 27,9 bilhões (1,74% do PIB), e, em janeiro de 2021, o deficit somou US$2 1,9 bilhões (1,54% do PIB).

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