CONTAS PÚBLICAS

"O Brasil está bem posicionado", garante secretário do Tesouro

Paulo Valle diz que ainda ser cedo para o governo tomar medidas adicionais por conta da guerra na Ucrânia. Para ele, o Brasil está "em boa situação"

Rosana Hessel
postado em 24/02/2022 16:49 / atualizado em 24/02/2022 21:46
 (crédito:  Jefferson Rudy/CB/D.A Press)
(crédito: Jefferson Rudy/CB/D.A Press)

Em meio à escalada das tensões no mercado internacional devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, tentou demonstrar tranquilidade. Ele afirmou que o Brasil “está bem posicionado” e criticou as medidas de criação de um fundo para compensar o congelamento do preço dos combustíveis.

“O Brasil está bem posicionado e temos que aguardar para tomar ou não medidas adicionais”, disse Valle, nesta quinta-feira (24/2), a jornalistas, durante a apresentação do resultado recorde nas contas públicas em janeiro. As contas do governo central — que inclui Tesouro, Previdência Social e Banco Central — registraram, no mês passado, um superavit primário (economia para o pagamento da dívida pública) de R$ 76,5 bilhões, o melhor saldo positivo desde o início da série histórica, em 1997.

Para o secretário, ainda é cedo para avaliar os impactos dessa guerra no Leste Europeu. Na avaliação dele, no meio dessa turbulência geopolítica, o "Brasil está em uma boa situação” para o governo tomaralguma medida emergencial a fim de evitar uma maior volatilidade no mercado de títulos públicos.

“Apenas 5% da dívida pública é externa e 95% (dos títulos emitidos) em real. A participação de estrangeiros é pouco mais de 10% e temos 100% de necessidade de financiamento em caixa e mais de US$ 350 bilhões em reservas”, disse Valle.

Os dados do Tesouro mostram que o colchão de liquidez da dívida pública encolheu 4,51% entre dezembro e janeiro, somando R$ 1,132 trilhão. Esse dado é suficiente para cobrir 86,5% dos títulos emitidos pelo governo federal que devem vencer nos próximos 12 meses e que somam R$ 1,309 trilhão.  

Petróleo

Ao invadir a Ucrânia, a Rússia abalou os mercados internancionais e fez o petróleo disparar, sendo negociado acima de US$ 100 o barril pela primeira vez desde 2014, valor que dificilmente deixará o litro da gasolina abaixo de R$ 7 pelas estimativas de analistas. 

O secretário do Tesouro, contudo, admitiu que alternativas para aumento de despesas em discussão no Congresso para conter a alta de preços de combustíveis, como a criação de um fundo de compensação, preocupam. “Medidas como o fundo são muito caras e não são eficazes. Temos trabalhado bastante em busca de alternativas”, afirmou Valle.

“Cabe destacar que o resultado recorde (fiscal) é muito importante neste momento, porque mostra que houve recuperação”, disse o secretário, reconhecendo que essa tendência de aumento da arrecadação pode não continuar diante da escalada dos juros pelo Banco Central para conter a inflação.

Atualmente, a taxa básica da economia (Selic) está em 10,75% ao ano, e, após a invasão russa que fez o barril do petróleo disparar, alguns analistas estão cogitando 13% para a taxa Selic até dezembro. A mediana das previsões do mercado para a Selic no fim de 2022 coletadas pelo boletim Focus, do Banco Central, é de 12,22%.

  

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