Estatal

Com ganho recorde de R$ 3,7 bi, Correios preparam divisão de lucros para funcionários

Empresa do governo federal já pagou R$ 251 milhões em dividendos à União e reservou outros R$ 63 milhões para o pagamento de Participação de Lucros e Resultados (PLR) aos 90 mil funcionários da estatal, cuja privatização está em debate no Senado

Michelle Portela
postado em 17/03/2022 18:17 / atualizado em 17/03/2022 18:17
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Os Correios fecharam o ano de 2021 com lucro de R$ 3,7 bilhões, o terceiro ano consecutivo com lucro histórico e o melhor resultado nos últimos 22 anos. Com isso, a empresa do governo federal já pagou R$ 251 milhões em dividendos à União e reservou outros R$ 63 milhões para o pagamento de Participação de Lucros e Resultados (PLR) aos 90 mil funcionários da estatal, cuja privatização está em debate no Senado.

De acordo com o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, os executivos da empresa estão em negociações avançadas com o Ministério da Economia para o pagamento da divisão dos lucros aos funcionários. “Estamos conversando muito para que seja autorizada a empresa a pagar esses benefícios constitucionais e dar uma atenção à RVA”, explicou Peixoto, fazendo referência à Remuneração Variável da Administração, a PLR da diretoria.

Com isso, os 90 mil funcionários teriam direitos proporcionais ao valor provisionado da PLR, ou seja, aos R$ 63 milhões, que ainda não tem data para serem pagos. Parte desse resultado financeiro bilionário foi alcançado por medidas de cortes de gastos, como a redução de custos na ordem de R$ 1,4 bilhão durante as fases das licitações e gestão de contratos administrativos efetuadas pela estatal.

A gestão atual realiza, ainda, o Feirão de Imóveis, com 83 imóveis disponíveis para venda e valor a ser arrecadado de aproximadamente R$ 680 milhões. Dessas, 52 unidades já foram vendidas, com valor de R$ 38,7 milhões, até o momento.

Como parte dos investimentos, os Correios desembolsaram mais de R$ 858 milhões em contratação de mão de obra terceirizada, incorporando mais de 202 mil profissionais que prestaram serviço para a empresa neste período.

Outro investimento foi a modernização da gestão e segurança das cargas. Em 2019, por exemplo, os Correios pagaram 240 milhões em indenizações a reclamantes que não tiveram pedidos entregues; em 2021, esse valor foi de R$ 40 milhões.

Para inovar, os Correios preparam um comércio eletrônico próprio, pelo qual pequenos e médios empresários poderão oferecer produtos e executar as entregas utilizando os serviços da estatal, integralizando os serviços. 

“Somos um dos maiores operadores logísticos do Hemisfério Sul, mas isso já não nos basta. Os Correios vão competir junto às demais empresas do setor porque, com a nossa capilaridade, expertise, recursos humanos, materiais e financeiros, podemos galgar, com mais e melhores condições, outras opções para a empresa”, afirmou.

Privatização

Os Correios são uma das empresas estatais que estão na mira do governo federal, mas a proposta está parada no Congresso Nacional. O projeto de lei 591/2021 aguarda ser pautado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Apesar de ter apresentado bons números, a desestatização não é descartada. “A questão da privatização não pode ser discutida sob uma ótica circunstancial, mas analisando o status da empresa. Em contraposição ao período atual, por exemplo, entre 2013 e 2016, os Correios deram prejuízo bilionário, quase tornando-se dependentes financeiramente do governo. Ao analisarmos a empresa em uma conjuntura estrutural, constatamos que ela foi fundada quando a maior parte da sua operação eram as cartas e, hoje, a realidade de suas operações é cada vez mais distante disso”, explicou Floriano Peixoto.

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