MERCADOS

Dólar renova piso e Ibovespa sobe e acumula alta de quase 16% no ano

Apesar das incertezas com a guerra da Ucrânia e das eleições neste ano, mercado financeiro tem momento de otimismo com a entrada de capital estrangeiro no país, o que tem ajudado o dólar a registrar o menor patamar em dois anos

Rosana Hessel
postado em 01/04/2022 20:09
 (crédito:  Marcello Casal Jr/Agência Brasil. )
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil. )

O dólar voltou a renovar o piso e a Bolsa de Valores continuou subindo, nesta sexta-feira (1º/4), com as perspectivas de queda nos preços do barril do petróleo um dia após os Estados Unidos anunciarem o resgate de reservas da commodity.

Apesar de ainda não haver uma perspectiva de cessar-fogo na guerra da Ucrânia, a divisa norte-americana voltou a cair frente ao real e registrou o menor patamar do últimos dois anos. A moeda encerrou o pregão com queda de 1,97%, cotada a R$ 4,667 para a venda. Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) subiu 1,31%, alcançando 121.570 pontos. No ano, o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, acumula valorização de 15,98%.

“Tiveram notícias positivas sobre petróleo com os Estados Unidos liberando as reservas, ontem, e, hoje, foi a vez da Agência Internacional de Petróleo. A balança comercial de março também veio forte, apresentando o melhor resultado de março da série. O fluxo de entrada de capital estrangeiro no país também ajudou para essa alta da Bolsa”, explicou Patricia Braga, estrategista-chefe da MAG Investimentos.

Para a próxima semana, a analista evita afirmar que o bom humor dos mercados continuará, devido às incertezas, tanto no mercado interno quanto no externo.  “Não sabemos nem quando as pesquisas do Banco Central devem sair”, acrescentou, em referência aos efeitos da greve dos servidores da autoridade monetária que deve atrasar a divulgação do boletim semanal Focus, com as perspectivas macroeconômicas do mercado.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembrou que o dólar, ao longo do dia, chegou ao piso de R$ 4,647, “o menor patamar desde 10 de março de 2020”. Para ele, essa valorização do real está relacionada com a preferência do investidor estrangeiro em alocar recursos nos países emergentes, principalmente, por conta da guerra no Leste Europeu. “O dólar se fortaleceu hoje contra a maior parte das moedas. Mas o Brasil vem se destacando. A balança comercial até veio abaixo do esperado, mas ela foi recorde só confirma esse momento benéfico de commodities em alta Isso faz os investidores estrangeiros procurarem países exportadores, como é o caso do Brasil”, acrescentou.

Conforme dados da B3, até o último dia 29, o fluxo de entrada de capital estrangeiro na Bolsa brasileira estava positivo em R$ 92,7 bilhões, incluindo compra de ações no mercado secundário e em aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês). Em 2021, esse saldo ficou positivo em R$ 102,3 bilhões.
De acordo com o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, a desvalorização do câmbio está mais relacionada com a perspectiva de um aperto monetário menor na taxa básica de juros (Selic).

“Num dia onde os juros caíram na perspectiva que o Banco Central deve, de fato ,parar a alta na Selic no começo de maio em 12,75%, o dólar continua em queda testando patamares pré pandemia. Graficamente falando ele já está próximo dos pontos principais em R$ 4,65 e R$ 4,50”, disse. “Acreditamos que podemos testar estes patamares no curto prazo, mas os dois vetores que forçam o dólar para baixo, a saber, commodities em alta e Selic em alta, tendem a se acomodar. No caso de commodities uma eventual diminuição do conflito no Leste Europeu pode distensionar os materiais básicos e no caso dos juros locais podemos ver o fim do ciclo já em maio. Por conta disso, ele manteve a projeção para o dólar em R$ 5 no fim de 2022.

Na avaliação de Perfeito, há dois fatores que devem pressionar o câmbio no segundo semestre, como a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), deverá ser mais agressivo na política monetária, e as eleições presidenciais. “Está caro ficar vendido em real, mas achar que a moeda local vai se apreciar muito mais não nos parece razoável, a não ser que os dois vetores citados (commodities e juros) voltem a subir”, destacou. Para ele, a tendência é de que, com a ideia de juros mais baixos, vai ajudar na valorização dos ativos da Bolsa brasileira. “O Brasil está na frente da curva, porque o BC iniciou o aperto monetário antes do que outros países e deve parar antes e, talvez, comece a cortar os juros antes”, afirmou.

 

 

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