Votação no TCU

Bolsonaro entra na guerra por privatização da Eletrobras

Presidente Jair Bolsonaro (PL) telefonou a ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e pediu que eles não atrasem a privatização da companhia nacional de energia

Michelle Portela
postado em 20/04/2022 14:36 / atualizado em 20/04/2022 15:28
 (crédito: Sergio Lima/AFP )
(crédito: Sergio Lima/AFP )

A expectativa de pedido de vistas de ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o processo de privatização da Eletrobras que a Corte julga nesta quarta-feira (20/4) levou o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), a telefonar pessoalmente a pelo menos dois magistrados, para pedir que evitem atrasar ainda mais a decisão. O governo espera ter concluído o processo até 13 de maio.  

Walton Alencar e Antonio Anastasia foram dois dos ministros que receberam uma ligação de Bolsonaro. O chefe do Executivo teria apelado ao "espírito público" dos magistrados, pedindo, ainda, que eles "pensem no país".

Conflito

O ministro Vital do Rêgo, que já pediu vistas do processo em que se discutia a primeira etapa da privatização, voltou a afirmar que o fará novamente na segunda etapa, prevista para ser discutida hoje. Recorrerá, inclusive, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que tenha direito ao prazo completo de pedido de vistas, de até 60 dias. 

O governo insiste para que a privatização seja aprovada o mais rápido possível, para que ocorra ainda no primeiro semestre e não seja contaminada pelo clima eleitoral.

Nos bastidores, ministros do TCU afirmam que a pressa não se justifica, porque, em tese, a privatização poderia ser feita a qualquer momento. 

Ligação com Lula

 

Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, os ministros do TCU que são ligados ao MDB tocam uma agenda antiprivatização para servir aos interesses do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Vital do Rêgo é pai do senador emedebista Veneziano Vital do Rêgo, que esteve com Lula no jantar com políticos do MDB em Brasília, na semana passada. A mãe de Veneziano, senadora Nilda Gondim (MDB-PB), também esteve no jantar.

Outro ministro que a equipe econômica considera comprometido com uma agenda emedebista é Bruno Dantas, indicado para o cargo pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado fiel do ex-presidente Lula.

As declarações de Guedes incendiaram o clima no TCU, que já era conflituoso. 

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