Conjuntura

Dólar fecha a R$ 4,81 — o menor valor em maio. Ibovespa tem alta de 1,7%

Resultado positivo do mercado está associado ao acordo Indo-Pacífico e à alta no preço das commodities, de acordo com especialistas. Definições na Terceira Via e conversa entre o PT e o economista Pérsio Arida também contribuíram

Raphael Pati*
postado em 23/05/2022 22:47
 (crédito: Nelson Almeida/AFP)
(crédito: Nelson Almeida/AFP)

Depois de uma semana turbulenta no mercado, os investidores voltaram a ter mais apetite ao risco. A maioria das bolsas do mundo inteiro fechou em alta nesta segunda-feira (23/5). No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) terminou o dia aos 110.346 pontos, o que representou uma alta de 1,7%. Para os especialistas, a alta das bolsas mundiais reflete o otimismo com o acordo Indo-Pacífico, que está próximo de ser fechado e envolve os EUA e doze países asiáticos (Austrália, Brunei, Índia, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã). 

“Essas nações, junto com os EUA, representam 40% do PIB global. Qual é a ideia (do acordo)? É, simplesmente, prepararem as suas economias para o futuro. Então, haveria um certo tipo de acordo onde eles fariam parte de um quadro econômico indo-pacífico, que visa fortalecer as relações econômicas dos EUA com essas regiões", explicou o CEO da Box Asset, Fabrício Gonçalvez.

"Esse possível acordo econômico resultaria em uma revisão de tarifas por parte dos EUA e desses países para fazerem negócios. Isso vai fazer com que esses países dependam muito mais de matéria-prima, e nós sabemos que essa matéria-prima vem de um só lugar: o Brasil. Por isso que a gente tem esse apetite por risco no dia de hoje”, acrescentou. 

Também contribuiu para o movimento ascendente na bolsa brasileira a alta nos preços das commodities. O índice Brent, do petróleo, fechou o dia com um saldo positivo de +0,51%, cotado em US$ 113,12. O bom resultado da bolsa de São Paulo também se deve, segundo o economista da FGV, Robson Gonçalvez, “às ações de Petrobras e CSN, o que indica que o mercado ainda está apostando em uma certa manutenção dos preços das commodities”, comentou.

Guerra e inflação

O dólar fechou o dia em queda. A moeda americana chegou a valer R$ 4,78 durante a tarde desta segunda e terminou cotado em R$ 4,81, o menor valor em um mês. O resultado, de acordo com o economista da FGV, é fruto de um arrefecimento nas tensões que envolvem Rússia e Ucrânia, além da alta no preço das commodities.

“As razões têm a ver com a economia mundial, que parece que se ‘acomodou’ com a guerra na Ucrânia e mesmo aos lockdowns que estavam acontecendo na China. Por outro lado, tem a questão da inflação, que, no Brasil está dando alguns sinais de queda. Isso fez com que o mercado brasileiro tivesse esse bom momento hoje e essa calmaria”, analisou.

O cenário político do Brasil também impactou o mercado nesta segunda. Na visão de Robson Gonçalvez, a saída de João Doria (PSDB) da corrida à presidência e o encontro da equipe econômica do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o economista Pérsio Árida, foram fatores que contribuíram para a movimentação positiva do mercado brasileiro.

“Chamou a atenção, também, uma movimentação no cenário político, com uma definição um pouco mais clara do que pode vir a ser a terceira via e a confirmação de que a equipe econômica de um dos candidatos teve reunião com Pérsio Arida, que foi um dos idealizadores do Plano Real e, certamente, é uma figura que tem o poder de transmitir para o mercado uma mensagem de mais confiança e de mais calmaria”, disse o economista da FGV.

* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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