FUNCIONALISMO

Servidores dizem que não vão aceitar o aumento no vale-alimentação

Segundo especialistas esse reajuste no vale-alimentação não contemplaria os inativos — aposentados e pensionistas —, driblando a paridade que muitos têm com os servidores ativos, princípio fundamental de solidariedade entre as gerações

Fernanda Strickland
postado em 15/06/2022 14:41 / atualizado em 15/06/2022 14:54
 (crédito: Assessoria Unacon)
(crédito: Assessoria Unacon)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou, no início da semana, em um pronunciamento à imprensa, que os servidores permaneçam sem reajuste. Segundo o chefe do Executivo, a ideia era conceder ao menos 5% de reajuste cortando verba dos ministérios.

“Chegou mais uma conta para eu pagar agora, mais R$ 9 bilhões. Eu tenho um teto. Vou cortar de tudo o que é ministério. Até de Saúde e Educação. R$ 9 bilhões. Entrou ali o Plano Safra, entrou os precatórios, entrou o bônus”, relatou.

“Lamentavelmente, não tem reajuste para servidor”, informou. “Nós estamos tentando agora. Tem que vencer a legislação eleitoral, dobrar, no mínimo, o valor do auxílio alimentação. Agora, já pedi para encaminhar no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do ano que vem, reajuste e reestruturação de carreiras. Alguns estão dizendo que eu não posso botar no PLOA porque é ano eleitoral”, completou.

As afirmações de Bolsonaro repercutiram negativamente nas categorias do funcionalismo. Para o Sindifisco Nacional, a suposta intenção do presidente de conceder aumento no vale-alimentação como alternativa ao reajuste da remuneração dos servidores públicos é vergonhosa e reafirma a falta de respeito e de dignidade no trato com os servidores públicos.

“Se um reajuste de 5% é amplamente insuficiente, considerando a inflação acumulada de mais de 20% só no governo Bolsonaro, o que falar de uma recomposição limitada ao vale-alimentação? Classificar tal ideia como estapafúrdia e revoltante é o mínimo”, declarou a assessoria na terça-feira (14/6). “Outra distorção desta proposta é que esse reajuste no vale-alimentação não contemplaria os inativos — aposentados e pensionistas —, driblando a paridade que muitos têm com os servidores ativos, princípio fundamental de solidariedade entre as gerações”, pontuou o sindicato.

O coordenador da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário e Mpu (Fenajufe), Thiago Duarte, apontou que o presidente não cumpre o que fala. “Vale-alimentação não é salário e não compõe a inflação dos aposentados, por exemplo. Queremos recomposição emergencial inflacionária já, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) não pode se omitir diante da chance real de congelamento que Bolsonaro quer nos impor”, afirmou.

Já o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Tipicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, pontuou que foram tantas idas e vindas nesses seis meses de campanha salarial que as palavras de Bolsonaro, a essas alturas, têm credibilidade zero com o funcionalismo. “Agora, resta esperar que um outro presidente seja mais sensível em relação às perdas salariais, sobretudo de aposentados, que nem sequer teriam esse reajuste do vale-alimentação”, frisou.

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), afirmou que o reajuste no vale-alimentação é bravata. “Os servidores decidiram, com mais de 80% dos votos, continuar a greve”, afirmou.

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