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Manejo sustentável de pirarucu garante renda em dezenas de municípios brasileiros

O manejo de pirarucu, autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ocorre em cerca de 21 municípios do Amazonas

Michelle Portela
postado em 20/07/2022 06:00
 (crédito:  Bernardo Oliveira/Instituto Mamirauá)
(crédito: Bernardo Oliveira/Instituto Mamirauá)

Os últimos áudios de aplicativos de mensagem enviados pelo indigenista Bruno Pereira, assassinado em junho, davam conta da invasão do território indígena no Vale do Javari, no Amazonas, por pescadores ilegais em busca de um dos mais estimados animais amazônicos, o pirarucu (Arapaima gigas). Poucos dias depois da gravação, Bruno foi morto numa emboscada que vitimou também o jornalista britânico Dom Phillips, na região do Alto Solimões, no Amazonas, por pessoas envolvidas na prática ilegal.

O manejo de pirarucu, autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ocorre em cerca de 21 municípios do Amazonas. A atividade movimentou cerca de R$ 15 milhões no último ano. A prática é crescente, mas nem sempre a pesca foi regulamentada.

"A gente está preparando uma reunião, uma articulação para a Câmara de Vereadores e a Prefeitura (de Atalaia do Norte) na Comunidade São Rafael. Os invasores da terra indígena vão perder o manejo do pirarucu que demorou 10 anos para tirarem", disse Bruno, no áudio, transmitido em maio. O indigenista se referia à reunião que ocorreria em 3 de junho com o objetivo de barrar o avanço da pesca ilegal.

Peixe nativo do bioma amazônico, o pirarucu habita rios e lagos de águas calmas, podendo alcançar até 200 kg. A pesca é permitida apenas nas áreas de manejo nos já citados 21 municípios. A partir da contagem dos peixes adultos, é estabelecida uma cota de captura de 30%, preservando os 70% restantes para assegurar a reprodução natural.

No médio Solimões, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã, no município de Tefé, a 523 quilômetros de Manaus, acabam de atingir R$ 3,5 milhões em valores brutos de venda de pescado manejado.

Em 2020, o manejo de pirarucu foi interrompido pela pandemia da covid-19. Com isso, os estoques do peixe cresceram 427%, viabilizando a retomada da pesca de forma sustentável e o aumento da renda e da qualidade de vida da população.

A coordenadora do Programa de Manejo da Pesca do Instituto Mamirauá, MP, Ana Cláudia Torres, disse que a vacinação contra a covid-19 permitiu a retomada da atividade. "Ainda que a pandemia tenha continuado em 2021, não teve o mesmo impacto do ano anterior. Assim, os grupos conseguiram implementar o plano de trabalho previsto", afirmou.

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