Eleições 2022

Guedes faz elogio às urnas eletrônicas como diferencial do Brasil

Ministro da Economia, Paulo Guedes cita as urnas como exemplo de avanço tecnológico do país e minimiza críticas às bombas fiscais

Rosana Hessel
postado em 26/08/2022 14:39
 (crédito: Luiz Macedo/Câmara dos Deputados)
(crédito: Luiz Macedo/Câmara dos Deputados)

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) não desiste em fazer críticas ao sistema eleitoral, o ministro da Economia, Paulo Guedes, citou o processo de votação brasileiro como um diferencial de avanço tecnológico do Brasil em meio ao cenário global de reorganização das cadeias produtivas globais.

“O Brasil é o quarto maior mercado digital do mundo, temos eleições com urnas eletrônicas. Quando a covid-19 chegou, entregamos o auxílio emergencial para todo mundo e, nos Estados Unidos, ficaram esperando o pagamento em cheque por dois a três meses”, afirmou Guedes, nesta sexta-feira (26/8), em evento da Associação da Classe Média (Aclame), em Porto Alegre.

Logo após a polêmica reunião de Bolsonaro com embaixadores, onde ele criticou o sistema eleitoral brasileiro, os EUA foram o primeiro país a elogiar as urnas eletrônicas brasileiras e afirmar que elas são um “exemplo” para as demais nações.

Durante a palestra na capital gaúcha, o ministro voltou a mencionar uma frase que disse ter ouvido da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em um encontro do G20 — grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta, mais a União Europeia, de que, depois da covid-19, “o mundo nunca mais será o mesmo”, em referência ao movimento de reorganização das cadeias produtivas no mundo, buscando parceiros com maior proximidade logística e com democracias amigáveis. E, nesse sentido, o ministro reforçou as vantagens do Brasil, por ser um país que pode garantir a segurança energética e alimentar dos países desenvolvidos.

De acordo com Guedes, o governo precisará manter uma agenda de desenvolvimento da indústria voltada para essas prioridades, focando na transição energética e num mundo mais atraente e digitalizado. “O que podemos fazer é dar condições para quem vai consumir o 5G e absorver a revolução do mundo das telecomunicações”, afirmou.

Na sequência, ele atacou quem costuma defender a volta do Ministério do Planejamento para que o governo volte a ter planos, porque, segundo ele, quem sabe fazer planejamento é a iniciativa privada e não o governo. "Cansamos de ter farsantes com bilhões de dólares à disposição. Temos que ser humildes e entender que tem muita gente que sabe mais”, afirmou.

“Rolagem da desgraça”

O ministro também não poupou críticas aos analistas do mercado que, no final do ano passado, estavam prevendo recessão em 2022 e que, agora, estão fazendo revisões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para taxas entre 2% e 2,5%, mas que estão pessimistas em relação a 2023. “Agora estão fazendo a rolagem da desgraça”, ironizou.

Ele ainda minimizou os alertas das bombas fiscais que estão sendo armadas por conta do aumento de gastos com medidas eleitoreiras, como desoneração de combustíveis e aumento do Auxílio Brasil — substituto do Bolsa Família — de R$ 400 para R$ 600. E, nesse sentido, garantiu que as contas do governo central — que inclui Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — devem encerrar o ano com o primeiro superavit primário desde 2013.

“Agora falam que vai ter bomba fiscal. E como é que tem coragem de falar em populismo fiscal para um governo que zera o deficit? É o primeiro a superar isso", afirmou ele, citando que o rombo fiscal, de 10,5% do PIB, em 2020, durante a pandemia, passou para 0,4% em 2021, porque a maioria das despesas emergenciais não foram prorrogadas.

Contudo, o risco maior agora, de acordo com analistas, é a continuidade das medidas eleitoreiras, como o auxílio de R$ 600 no ano que vem, como o presidente Jair Bolsonaro vem prometendo. Pelos cálculos de técnicos da pasta chefiada por Guedes, esse aumento no valor do benefício deverá custar cerca de R$ 60 bilhões para os cofres públicos. O montante é quase o total da meta fiscal de 2023, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que permite um rombo de R$ 65,9 bilhões no ano que vem.

Pelas estimativas da Tendências Consultoria, existem, pelo menos, R$ 200 bilhões de despesas adicionais que estão programadas para estourarem o Orçamento de 2023.

O governo tem até o dia 31 deste mês para enviar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do próximo ano. De acordo com técnicos do governo, a proposta deverá ser encaminhada com uma previsão de deficit primário de R$ 65 bilhões, sem incluir o aumento de R$ 200 no auxílio prometido por Bolsonaro.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação