Investimentos

Como o investidor pode se preparar para o último trimestre de 2022

Com a forte alta dos juros, a renda fixa tem se tornado cada vez mais atrativa e pode ser uma boa opção de investimento no período, apontam especialistas do TC

Fernanda Strickland
postado em 15/09/2022 15:13
 (crédito: Agência Brasil/Reprodução)
(crédito: Agência Brasil/Reprodução)

Em meio às eleições e com um ritmo agressivo de alta de juros e de inflação, o ano de 2022 tornou-se bastante desafiador economicamente, e assim deve ser no último trimestre do ano. Dessa forma, o cenário macroeconômico do Brasil apresentou menor previsibilidade nos último mês, conforme sugere o “Indicador de Incerteza”, ferramenta de análise do TC, plataforma de educação financeira, análise de dados e inteligência do mercado de capitais. O Correio ouviu os analistas do TC Matrix, casa de análise do TC, para ajudar o investidor a planejar-se, mostrando um panorama geral do mercado nacional.

Do ponto de vista do investidor, a renda fixa tem se tornado cada vez mais atrativa, com ótimas oportunidades de rentabilidades superiores a 1% ao mês, aponta a analista de renda fixa do TC, Jaqueline Benevides. “Os ativos indexados ao CDI e à maioria dos pós-fixados são primordiais na carteira do investidor para os rendimentos surfarem essa taxa tão elevada. Além disso, temos os ativos prefixados. Selic alta é igual a prêmios prefixados mais altos, e o investidor deve aproveitar esse cenário para, quando o ciclo de queda na taxa de juros se iniciar, estar com um rendimento acima da Selic”, explica.

A analista acredita que não é preciso ignorar os ativos indexados à inflação, pois ainda proporcionam uma rentabilidade bastante atrativa nesses períodos. “O aumento dos juros serve para controlar a inflação. Então, se o investidor tiver que escolher em qual classe investir, a ordem a seguir seria: ativos pós-fixados, com vencimentos de até dois anos e meio; ativos prefixados, com vencimentos máximos de até quatro anos; e, por último, indexados à inflação, de até seis anos”, alerta.

Inflação em alta

Os economistas Fabrício Silvestre e Elizabeth Farias acreditam que a inflação ficará em torno de 7% até o fim do ano, em conjunto com uma Selic (taxa básica de juros) próxima aos 13,75% ao ano. Segundo eles, o impulso fiscal promovido pelas desonerações do ICMS e de tributos federais, além do aumento do valor do Auxílio Brasil e de outras transferências de renda, contribui para elevar a renda da população, sustentando o consumo das famílias.

Não apenas isso, a recuperação do mercado de trabalho tem surpreendido, ampliando a massa salarial e fornecendo condições mais robustas para o crescimento econômico no segundo semestre. Se por um lado, os incentivos fiscais recentemente anunciados pelo governo ajudam a estimular a atividade econômica via expansão da renda, por outro, o acirramento do risco fiscal e o cenário externo menos favorável acionam dúvidas sobre a evolução macroeconômica para 2023.

“No front inflacionário, o investidor pode esperar uma desaceleração do índice de preços ao consumidor no segundo semestre. Porém a inflação deve fechar o ano em patamar elevado, ainda que em nível menor do que o projetado ao longo do primeiro semestre, por conta das desonerações fiscais, medida que também contribui para a manutenção de patamar elevado de juros por mais tempo”, comenta Silvestre.

Sob esse cenário, as condições são menos favoráveis principalmente para as companhias com condições financeiras mais apertadas, que dependem de mais crédito para financiar suas operações.

Dólar

Os economistas acreditam em um cenário volátil para o dólar. “A volatilidade acima da usual deve marcar a trajetória de curto prazo do dólar, movimento que pode se intensificar com a aproximação das eleições”, explica Elizabeth. “Entendemos que os movimentos de curto prazo da divisa cambial têm refletido em maior grau o comportamento de fatores externos — perspectivas desfavoráveis para o desempenho econômico global aliado à subida de juros em economias desenvolvidas — do que, mais especificamente, fundamentos internos", complementa a economista.

Nesse contexto, o aumento da incerteza global contribui para a migração de investimentos para ativos menos arriscados, considerados como “safe haven” dos investidores, acarretando em uma possível desvalorização do real frente ao dólar.

 

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