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Ibovespa recua 3,26% e dólar fecha em R$ 5,30 após prisão de Roberto Jefferson

Especialistas explicam que a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson na última semana de campanha provocou mais incertezas em relação ao desfecho da corrida presidencial

Fernanda Strickland
postado em 25/10/2022 03:55
 (crédito:  Thomas Breher por Pixabay )
(crédito: Thomas Breher por Pixabay )

A semana decisiva da corrida eleitoral começou tensa no mercado financeiro. Com uma forte queda, o índice Ibovespa, o mais importante do mercado de ações nacional, fechou a 116.012 pontos, com um recuo de 3,26%. Já o dólar encerrou em alta de 3,01%, cotado a R$ 5,30. Especialistas explicam que a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson na última semana de campanha provocou mais incertezas em relação ao desfecho da corrida presidencial, no próximo domingo.

Tarcísio Duarte, sócio e assessor de investimentos na Philos Invest, explicou que o episódio envolvendo Jefferson pode ter tido impacto no resultado de ontem da Bolsa, já que veículos de imprensa entendem que o ex-deputado tem alguma relação com o presidente da República. "Isso, de alguma forma, pode ter arrefecido a recuperação de pontos percentuais por parte de Bolsonaro, observados nas últimas pesquisas", frisou.

Duarte comentou, ainda, que, na semana passada, quando o Ibovespa apresentou forte alta, contrariando o movimento das principais bolsas ao redor do mundo, já havia indícios de uma relação com a eleição. "A alta das ações de empresas estatais (como Petrobras e Banco do Brasil), que em teoria se beneficiam de uma eventual reeleição de Bolsonaro, indicava que o mercado poderia estar enxergando uma virada por parte do atual presidente", argumentou.

"De qualquer forma, por ter liderado a maior parte da corrida presidencial, uma eventual vitória de Lula da Silva já está relativamente precificada. Sendo assim, o mercado entende que a possibilidade de alta com a vitória de Bolsonaro é maior do que a queda num cenário de derrota, o que justifica o risco de se posicionar em empresas estatais", completou.

Entretanto, para Duarte, após uma semana com cinco altas consecutivas e acumulando um desempenho de 7% nesse período, já era esperado que houvesse correção ontem. "Pelo fluxo de negociação do dia, principalmente por parte de investidores estrangeiros, é possível afirmar que há uma aversão ao risco eleitoral. Portanto, os investidores estão realizando os lucros observados na semana anterior e devem aguardar o resultado do próximo dia 30 para voltarem às compras."

Tensão institucional

Já o economista Otto Nogami, do Insper, afirmou que o episódio envolvendo Jefferson esfriou a perspectiva de virada da campanha de Bolsonaro, aumentando o risco político institucional.

Outros analistas compartilham dessa percepção. "Esse caso do Roberto Jefferson provoca ruído e faz o mercado entender que Bolsonaro pode ter dificuldades na reta final da campanha", ressaltou o diretor de produtos da Venice Investimentos, André Rolha.

Os desdobramentos da campanha eleitoral, com uma crescente tensão institucional, também afetaram o comportamento dos investidores. "Aumentou a preocupação sobre o que pode acontecer no dia da eleição e se o atual presidente não for reeleito. Importante lembrar que, por reiteradas vezes, esse candidato declarou que não reconheceria nem decisões do STF, bem como o resultado eleitoral se contrário a ele", pontuou Nogami.

Para o economista, esse clima assustou o investidor estrangeiro, que deve ter considerado mais seguro sair do mercado acionário e destinar os recursos a opções mais seguras, o que explica a desvalorização da moeda nacional em 3%.

Foi senha para que investidores retomassem posições defensivas e se aproveitassem para realizar lucros acumulados recentemente na Bolsa, sobretudo em papéis de estatais, como Petrobras e Banco do Brasil, que haviam disparado com a perspectiva de reeleição de Bolsonaro. O caso Jefferson aviva temores de que haja uma reação violenta de apoiadores do chefe do Executivo se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for o vencedor.

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