Dólar

Dólar sobe 2,19% e fecha a R$ 5,1729 com indefinição sobre equipe econômica

Após passar à tarde trabalhando ao redor de R$ 5,12, o dólar arrancou nos minutos finais da sessão e renovou sucessivas máximas, em sintonia com o tombo do Ibovespa, até atingir R$ 5,1729

Agência Estado
postado em 07/11/2022 19:03 / atualizado em 07/11/2022 19:13
 (crédito: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Após encerrar a semana passada com perdas de 4,49%, o dólar subiu mais de 2% na sessão desta segunda-feira, 7, e voltou a fechar acima da linha de R$ 5,15, na contramão do sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior. Profissionais do mercado atribuíram a depreciação do real a um movimento de ajuste e realização de lucros, em meio a especulações em torno do nome do ministro da Economia do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e da confecção da chamada PEC da Transição.

Tirando uma queda pontual e bem limitada pela manhã, quando desceu até a mínima de R$ 5,0474 (-0,29%), a moeda operou em alta ao longo do pregão. Após passar à tarde trabalhando ao redor de R$ 5,12, o dólar arrancou nos minutos finais da sessão e renovou sucessivas máximas, em sintonia com o tombo do Ibovespa, até atingir R$ 5,1729. No fim do dia, era cotado a R$ 5,1729, avanço de 2,19%. Com isso, passou a acumular ligeira alta no mês (+0,14%).

"Há uma ressaca com bom humor da semana passada. O mercado está começando a perder um pouco da paciência com a indefinição sobre a equipe econômica", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, citando rumores de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles teria descartado a possibilidade de assumir a Fazenda em futuro governo Lula. "Parece que estão vazando nomes para ver a reação do mercado. Falaram novamente do Haddad (Fernando Haddad, candidato derrotado na disputa pelo governo de São Paulo). As coisas tendem a piorar na margem a cada dia sem a definição de um nome."

Meirelles é visto como eventual fiador de uma política econômica ortodoxa no futuro governo Lula, ao passo que Haddad, com credenciais petistas, seria mais inclinado a aceitar medidas heterodoxas. O Broadcast apurou que, em sua primeira reunião oficial, Lula cogitaria abrigar na equipe de transição nomes que vão desde Pérsio Arida e André Lara Resende, idealizadores do Plano Real e considerados liberais, a Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT), tido como heterodoxo.

Investidores também monitoram a elaboração do texto da PEC da Transição, a principal aposta da equipe de transição do governo para arranjar recursos (fora do teto de gastos) necessários ao cumprimento de promessas de Lula na campanha, como manutenção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 e aumento real do salário mínimo.

A minuta da PEC de Transição teria sido apresentada hoje a Lula. Segundo o Broadcast Político, uma ala do PT prevê que o texto traga um valor fechado do "waiver", de modo a afastar temor fiscal de que a PEC seria um "cheque em branco" para gastar. Escolhido por Lula para liderar as negociações orçamentárias, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) tem argumentado que o valor fechado da licença para gastar estará no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023 - e não precisaria ser incluído na PEC.

Para Jolig, da Alphatree, o mercado já contava com gastos fora do teto para propostas como manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, algo prometido também pelo presidente Jair Bolsonaro em caso de reeleição. Há, contudo, certo receio com o tamanho dos valores que ficarem fora do teto e também sobre a inclusão de medidas como ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. "A volatilidade deve seguir elevada nesta semana com o mercado à espera de um quadro mais claro. Se não vier nada desastroso, o real pode voltar a se apreciar porque estamos numa posição melhor que outros emergentes", afirma.

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