NOVO GOVERNO

Após encontro com Haddad, Guedes reforça defesa de novo marco fiscal

Segundo o ministro, pasta tem duas propostas que poderão ser debatidas com a equipe de transição, uma do Tesouro e outra da SPE, que está sendo elaborada

Rosana Hessel
postado em 08/12/2022 12:17 / atualizado em 08/12/2022 12:19
 (crédito: Evaristo Sa / AFP)
(crédito: Evaristo Sa / AFP)

Após encontro de pouco mais de uma hora com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), nesta quinta-feira (8/12), o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou, em evento virtual do Tesouro Nacional, a necessidade de mudança do arcabouço fiscal e admitiu que está conversando com a equipe de transição sobre o assunto. E, nesse sentido, ele disse que a pasta tem duas propostas de alternativas ao teto de gastos — regra que limita o aumento das despesas à inflação.

A primeira, dos técnicos do Tesouro, utilizando a dívida pública para o limite das despesas que já foi apresentada e, a segunda, da Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta que ainda está sendo preparada.

“O teto foi mal construído”, disse Guedes na justificativa das constantes mudanças no limite do teto, desde o início do governo. “O Tesouro já apresentou a proposta. A SPE está fazendo outra proposta e estamos conversando com a transição. Vamos seguir aperfeiçoando (o novo arcabouço fiscal)”, afirmou.

Na avaliação do ministro da Economia, as confusões de meta fiscal e variável de controle, que é o teto de gastos, precisam ser corrigidas. “Até se eu pagar o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), eu furo o teto”, reclamou Guedes, lembrando que, para pagar os organismos internacionais, o governo usa uma conta no exterior que não afeta diretamente o fluxo das contas públicas internas.

Encontro foi "excelente"

Assim que retornou ao hotel onde o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está hospedado, Haddad comentou a reunião, que não teve a participação de nenhum técnico ou assessor de ambos. “Foi excelente”, disse o ex-prefeito e economista, que é o mais cotado para assumir o Ministério da Fazenda, a ser recriado pelo governo Lula. “O plano geral de voo foi tratado tanto com aquilo que ele entende que está legando quanto com o que vamos fazer no ano que vem”, acrescentou.

Segundo o petista, o objetivo é dar continuidade a projetos que estão em andamento e que beneficiem a população. “O Orçamento para o ano que vem não pode ser menor do que o deste ano”, emendou.
Antes de Haddad, Guedes também já esteve reunido com o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello, integrantes da equipe de transição. O ex-prefeito ainda contou que será montado um cronograma de trabalho entre as duas equipes a partir da próxima semana.

Otimismo

Durante o evento do Tesouro, Guedes voltou a fazer um balanço positivo do atual governo e voltou a criticar os economistas que erraram nas projeções para o crescimento da economia desde a pandemia da covid-19, inclusive, neste ano. “O pessoal errou porque os modelos estavam sendo recalibrados e houve muito barulho político e falsas narrativas”, frisou.

Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deverá crescer 3%, e, no ano que vem, poderá crescer 2,5%, o previsto nas estimativas da Economia. “O Banco Central vai começar a descer os juros e entrará o componente cíclico”, afirmou ele, sem mencionar os riscos fiscais apontados pelo Banco Central, ontem, no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), em que deixou a porta aberta para novas altas na taxa básica da economia (Selic), mantida em 13,75% ao ano.

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