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Agronegócio se recupera, com expectativa de crescimento em 2023

Estimativa da Conab é que o Brasil supere a barreira das 300 milhões de toneladas na produção de grãos e salve o PIB

Rafaela Gonçalves
postado em 26/02/2023 03:55
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A Press)

Após encolher aproximadamente 4% em 2022, o agronegócio deve surpreender positivamente no Produto Interno Bruto (PIB) de 2023. O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), calcula que o PIB do setor avançará 8% este ano, sendo o único a crescer de forma expressiva no período, quando a produção de riqueza no país deve ficar praticamente estagnada. Se o número se confirmar, será o maior crescimento desde 2017, quando a alta foi de 14,2%.

O ano mal começou e o setor já se prepara para bater recordes. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) calcula que o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos. "Se a agropecuária fecha o ano de 2022 no negativo, em 2023 deve ser o contrário. Agora no primeiro trimestre já são esperadas safras recordes de soja, que devem acabar ajudando no ano como um todo", diz economista do Banco Original, Eduardo Vilarim.

Parte do resultado positivo estimado para 2023 será apenas efeito da comparação com um 2022 fraco, de acordo com analistas. Por outro lado, a safra esperada para este ano deve ser recorde, o que justifica uma projeção otimista. Dados de prognóstico de produção agrícola do IBGE apontam que a produção de grãos, cereais e leguminosas deve alcançar 293,6 milhões de toneladas em 2023, o que significará uma alta de 11,8% em relação a 2022.

Segundo o economista do Banco Original, vale destacar que a agropecuária sentiu bastante os efeitos negativos do La Niña, fenômeno climático que deve terminar neste verão. "Passamos em 2022 pelo segundo ano de La Ninã e em 2023 passaríamos pelo terceiro ano, só que agora teremos algumas chuvas que vão salvar, principalmente, soja e milho em regiões bastante produtoras do Brasil. Mas no ano passado tivemos uma quebra de safra muito grande, principalmente no Rio Grande do Sul, isso foi um fator bastante negativo para a atividade", afirma.

Com condições mais favoráveis para o desenvolvimento do setor, enquanto os demais devem continuar pressionados por uma política monetária apertada, com inflação e juros altos, o agronegócio é apontado como peça chave para o crescimento da atividade econômica em 2023. A indústria e os serviços já sinalizam pouca capacidade de tração, prejudicados pela perda do poder de consumo da população e pelos altos índices de endividamento. Mas a notícia da supersafra é especialmente promissora quando se leva em conta que sem ela o ano poderia ser marcado por uma recessão.

"O agronegócio deve acabar salvando o PIB. Diante de projeções de que o PIB tende a crescer 0,5% ou 0,2% em 2023, com a agropecuária a gente terá um avanço em torno de 0,7%. Não é um super crescimento, mas é um crescimento que se salva através desse setor", avalia o economista do Banco Original. "Neste ponto acho que vale a pena conferir tudo que a China vai fazer em relação à economia deles, que pode impactar a bolsa brasileira e, portanto, o nosso setor de agropecuária também", acrescenta.

Crescimento menor

O comércio global de commodities está sujeito a uma gama de fatores, conforme destacou o diretor técnico da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, em entrevista ao CB.Agro, programa realizado em parceria do Correio com a TV Brasília. "Quando a gente analisa os dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), o PIB do mundo como um todo vai crescer metade do que ele cresceu no último ano. Não quer dizer que vai cair, mas o crescimento vai ser muito menor, então para se ter uma demanda maior de alimentos não sinaliza um consumo muito grande, no máximo uma manutenção e pequenos ajustes para cima podem ocorrer, dependendo da cadeia", disse.

Segundo Lucchi, não é esperada uma alta no preço das commodities. "A perspectiva que a gente tem dos preços das commodities, principalmente quando falamos de soja, milho, açúcar, são tendências de queda de preço para este ano ou manutenção. A única commodity que fizemos uma análise que pode ter um viés de alta é o trigo, cujo Brasil ainda não é um grande produtor."

Apesar das variáveis internacionais, o diretor técnico da CNA ressaltou que as perspectivas para 2023 são bem superiores às do ano passado. "Quando fizemos o balanço do PIB de 2022 nós tivemos o PIB do agronegócio com um resultado negativo de 4%. Foi um espanto ver um setor que chegou a crescer dois dígitos em um ano, como foram nos dois últimos anos anteriores, ter um resultado negativo, realmente espanta", lembrou. "Foi um ano com muitos problemas climáticos e que afetaram a produção brasileira, além disso, algumas cadeias tiveram redução de preço. O cenário que desenhamos para 2023 seria um ano melhor, tanto no ponto de vista climático como no ponto de vista da produção, e isso já está se consolidando", afirmou.

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