COMÉRCIO EXTERIOR

Estados Unidos mostram mais interesse de ampliar parceria com o Brasil

Em primeira visita ao Brasil, representante de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, afirma que existem muitas oportunidades de trabalho em conjunto, como regionalização das cadeias de suprimentos, meio ambiente e reindustrialização

Rosana Hessel
postado em 08/03/2023 20:34 / atualizado em 09/03/2023 16:55
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Na primeira viagem ao Brasil, a embaixadora Katherine Tai, representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), reforçou o interesse do governo norte-americano em estreitar os laços com o Brasil, trabalhar em conjunto e contribuir para o processo de reindustrialização que vem sendo defendido por integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ela, oportunidades não faltam nesse sentido.

“Do ponto de vista do comércio, acho que há muito que podemos fazer. Ainda é cedo para o governo Lula. Lembro-me dos primeiros dias de nossa própria administração. Eu queria vir, e expressar nosso interesse e empolgação em colaborar. Também não quero sobrecarregar meus parceiros aqui. Mas eu acho que, em termos oportunidades além do comércio, na reindustrialização estratégica, no contexto de nearshoring (que consiste em trazer parte ou toda a cadeia de suprimento para uma localização mais próxima), criando economias mais resilientes, mais sustentáveis ambientalmente e mais inclusivas trabalhando juntos. Há muito potencial aqui em termos de onde nossa liderança está tentando chegar e o que podemos realizar”, afirmou a embaixadora, em entrevista a jornalistas, nesta quarta-feira (8/3), na sede da Embaixada dos EUA em Brasília.

Na avaliação da representante de Comércio do segundo maior parceiro comercial do Brasil, há todo um esforço dos governos para cooperar e colaborar, porque os desafios são muito grandes e, nesse sentido, muitas possibilidades de parcerias bilaterais, especialmente focada na regionalização das cadeias de suprimentos (nearshoring) das empresas dos EUA na América Latina. “As apostas são muito altas e a oportunidade é enorme também. Se pudermos encontrar maneiras de nos alinhar para enfrentar os desafios, ajudar uns aos outros, com avanços econômicos e tecnológicos que o mundo vai precisar, acho que essas são oportunidades que valem muito a pena perseguir”, afirmou.

Estreitamento de laços

A diplomata norte-americana confessou que aprecia a comida e a cultura do Brasil e reforçou o interesse de estreitamento dos laços entre os dois países. "Estamos ansiosos para desenvolver e aprofundar nossa conversa e trocar experiências. Agora, o compromisso é tentar reconstruir e tenho certeza de que as especificidades de nossas histórias. Nós, nos Estados Unidos, tivemos uma experiência muito semelhante e acho que isso deve, e espero, os levar a algumas conversas interessantes sobre como podemos ajudar uns aos outros, nessa próxima fase", afirmou.

"Podemos trabalhar juntos e tentar ajudar uns aos outros. Talvez, através do desenvolvimento de cadeias de suprimentos que podem ser complementares, ou de outros métodos, e, na verdade, estou muito animada por ter essas conversas”, emendou.

A embaixadora lembrou que a vinda dela ao Brasil é uma continuidade das conversas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e de Lula, que se encontraram, no mês passado, em Washington. Pela manhã, Tai teve reuniões com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e ambos, segundo ela, um dos principais assuntos das reuniões foi a busca de um crescimento focado na proteção do meio ambiente e sustentável.

Nos encontros bilaterais, os representantes dos dois países concordaram em fortalecer e aprofundar a parceria comercial e econômica bilateral por meio do Acordo de Comércio e Cooperação Econômica (Atec) antes do bicentenário das relações diplomáticas Brasil-EUA em 2024.

A embaixadora expressou o interesse em convocar uma reunião da Atec antes do fim do ano. De acordo com a embaixada dos EUA, "ela também orientou suas equipes técnicas para desenvolver um programa de trabalho nos próximos meses que possa ajudar a criar cadeias de abastecimento mais resilientes, estimular o investimento em tecnologias limpas, promover os direitos dos trabalhadores e criar prosperidade compartilhada".

Conforme dados do governo federal, além de segundo parceiro comercial, os EUA são a principal origem do estoque de investimento externo do Brasil. Em 2022, o comércio bilateral cresceu 26% em relação a 2021, totalizando US$ 88,7 bilhões na corrente de comércio (soma das exportações e importações).

Novo papel da OMC

Ao comentar sobre o esforço do governo Biden com o engajamento multilateral a fim de reestruturar o papel de negociação da Organização Mundial do Comércio (OMC), a embaixadora ressaltou a importância de trabalhar com o Brasil e com outros parceiros já desenvolvidos e em desenvolvimento, para identificar soluções que ajudem a garantir que a OMC seja mais suscetível aos desafios e oportunidades na economia global de hoje. O órgão de apelação da entidade está paralisado, prejudicando a efetividade do sistema multilateral. 

“Eu acho que a OMC é realmente relevante e acho que poderia ser mais relevante. Temos compromisso com as organizações multilaterais e a OMC é da família das instituições de Bretton Woods”, disse Tai, lembrando que essas entidades têm 70, 80 anos e, hoje, “o mundo é bem diferente” e, portanto, elas precisam evoluir.

Segundo a diplomata, para a OMC não perder a relevância, é preciso, melhorar e reformar a OMC “para permitir que ela seja mais responsiva”. “Portanto, as regras da OMC e a instituição como foi criada não anteciparam esse conjunto específico de desafios. Queremos que a OMC facilite soluções baseadas no comércio para a crise climática, mas ela não foi projetada para lidar com essas soluções. Então, acho que essa é outra área em que temos que pressionar e desafiar uns aos outros para adaptar a OMC para poder facilitar essas soluções”, completou.

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