Após a crise provocada pela pandemia de covid-19, o setor de parques de diversão e atrações dá sinais consistentes de retomada. De acordo com um estudo realizado pela Associação Brasileira de Parques e Atrações (Adibra) com o Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), o setor deve atrair investimentos superiores a R$ 13 bilhões a curto e médio prazo.
Segundo a pesquisa, há pelo menos 63 novos projetos de parques e atrações em estruturação. Somados, eles geram investimentos de R$ 9,6 bilhões. Dentro deste número, há 31 projetos que devem ser finalizados ainda neste ano. Além desse montante, há 3,7 bilhões em reinvestimentos programados para os próximos anos, no setor de parques.
Responsável pela condução da pesquisa, o fundador e managing partner da Noctua Advisory, Pedro Cypriano destaca que há um crescimento muito grande da demanda de lazer no Brasil e no resto do mundo. “A gente falava que, até o final de 2023, haveria um incremento real de receita na ordem de 40%. Hoje a gente está em 38% do que era antes”, pontua o pesquisador.
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O especialista cita alguns fatores para a recuperação. "Além daquele represamento do consumo, que é um consumo natural, a gente teve mudanças do ponto de vista macroeconômico que fizeram com que o mercado doméstico crescesse muito. Isso tanto para turismo, de uma maneira geral, como consumo nas próprias cidades, pela população”, esclarece.
"A gente teve uma diferença relacionada ao dólar, que saiu da casa de R$ 3,90 para R$ 5,50. Isso significa que o brasileiro, fora do Brasil, consome alguma coisa até 2019, US$ 17,6 bilhões. Se você converte esses US$ 17,6 bilhões para real, a gente está falando em R$ 100 bilhões. A conta é simples. Qualquer 5% disso que se reverta em consumo doméstico, o mercado de turismo no Brasil explode", argumenta o especialista.
Impactos em empregos
O setor de parques e atrações é responsável por 35 mil empregos diretos. Na alta temporada, o setor chega a contratar outros 13 mil funcionários para suprir a demanda.
Estima-se também que o segmento é responsável por mais de 130 mil empregos indiretos, como explica a presidente da Adibra, Vanessa Costa. “A cada parque que fecha ou que abre, a gente impacta o porteiro, o motorista de aplicativo, a rendeira que trabalha para o parque, o bugueiro”, afirma a executiva e proprietária de um parque itinerante.
“No nosso parque itinerante, quando a gente chega em uma cidade pequena, a gente movimenta muito a cidade. Isso porque a gente começa a comprar no mercado; vai ao açougue, ao mecânico local, ao torneiro local. A gente contrata um monte de gente. Então, quanto mais atrativos existem, maior é a possibilidade de o visitante ficar no destino turístico e movimentar a economia local”, argumenta Costa.
Novo governo
Para discutir os interesses e demandas do setor de parques e atrações com a esfera governamental e os poderes públicos, as associações se reuniram esta semana em Brasília para a 4ª edição do Sindepat Summit. O evento, realizado nos dias 22 e 23, contou com a presença da ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Ela discursou em um dos painéis.
“Estou muito feliz em participar deste evento que reafirma a força do nosso setor. O turismo é uma potência que contribui muito com a economia, com a geração de emprego, ficando atrás apenas da construção civil. E os parques e atrativos turísticos são agentes da mudança em municípios de pequeno, médio e grande porte”, comentou a ministra.
Sobre os desafios que o setor enfrenta, além das dificuldades em se investir no turismo nacional, o presidente do Conselho do Sindepat e dono do Beach Park, em Fortaleza, no Ceará, Murilo Pascoal, reforçou a importância dos parques e atrações para impulsionar a economia.
“O nosso setor é um catalisador do turismo. Porque, quando você tem um parque, ou uma atração, seja do tamanho que for e aonde for, ele é o motivo da viagem. Então a mensagem que a gente passou (para a ministra) foi essa, que a gente é uma fonte de alavancagem muito grande para o turismo e que o turismo pode ser uma grande área de desenvolvimento econômico para o país”
A presidente da Adibra, Vanessa Costa, mencionou a descontinuidade de programas para fortalecer o turismo nacional. No entendimento dela, a volta da exigência de visto para turistas dos EUA, Canadá, Austrália e Japão ingressarem no país seria prejudicial.
“É por isso que a gente fala tanto da importância dos incentivos fiscais e governamentais para o desenvolvimento da nossa indústria. Infelizmente, no Brasil, a gente tem muito pouco incentivo e muita descontinuidade dos incentivos que já existiam”, afirma a presidente.
Outros fatores também podem prejudicar o bom desempenho esperado para este ano, como o cenário macroeconômico, que ainda é considerado um risco levando-se em conta a inexistência de um novo arcabouço fiscal.
“É alta a crença no potencial do setor de parques, atrações turísticas e entretenimento no Brasil. No entanto, alguns fatores também preocupam os empresários., com destaque à disponibilidade de mão de obra qualificada e às incertezas macroeconômicas”, avalia o managing partner da Noctua, Pedro Cypriano.
* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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