Agro

Marina Silva defende um Plano Safra para a agricultura de baixo carbono

Na reabertura do Conselho de Desenvolvimento Social Sustentável, ministra diz que vários ministérios trabalham para estruturar o plano. "A sustentabilidade não é apenas uma maneira de fazer. É uma maneira de ser", comentou

Rosana Hessel
postado em 04/05/2023 18:44 / atualizado em 04/05/2023 18:46
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aproveitou a reabertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, recriado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para defender uma estratégia de transição energética transversal, no topo das prioridade de vários setores da economia e do governo. Além disso, a ministra contou que o governo está trabalhando na estruturação de um Plano Safra voltado apenas para a agricultura de baixo carbono.

“Não tem como a gente virar, da noite para o dia, para uma agricultura de baixo carbono, não tem como virar. Mas a gente pode começar, com um cronograma e criando algumas etapas, de forma verdadeira, para o produtor receber uma avaliação triplo A”, disse. Ela explicou que o produtor que conseguir avanços de políticas ambientais de baixas emissões poderá conseguir o benefício do financiamento subsidiado para a transição na agricultura. Segundo ela, esse projeto está sendo discutido entre os ministérios do Meio Ambiente, da Fazenda, do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura, mas não deu um prazo de quando isso poderá ser concretizado.

“A sustentabilidade não é apenas uma maneira de fazer. É uma maneira de ser e, hoje, 20 anos depois, ser sustentável remete a muitas questões que esse conselho poderá ajudar a desenvolver”, afirmou a ministra, nesta quinta-feira (04/05).

Na avaliação da ministra, o Brasil precisa de uma visão estratégica voltada para uma economia de baixo carbono. “Se tivéssemos feito o dever de casa, seríamos o celeiro do mundo para a produção de hidrogênio verde para a Europa”, afirmou ela, citando a crise energética no Velho Continente por conta da guerra entre Ucrânia e Rússia. “Poderemos ser o grande nicho da agricultura sustentável. Temos condição de dobrar a produção sem derrubar uma árvore”, frisou. “Eu espero ter energia, principalmente, sabedoria para ter capacidade e resiliência para o Brasil ser o país da transição energética”, afirmou.

Durante sua fala de quase 20 minutos, Marina Silva contou sobre o trabalho que está tendo reconstruindo a pasta que teve 19% do Orçamento restabelecido, o que permitiu o retorno para o patamar de 2018 e não permitisse que o ministério continuasse na “bancarrota”, e deixasse o Brasil sem condição de entrar na Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) e de avançar no acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.

A ministra contou que conseguiu recuperar algumas ações em 219% com apenas 700 fiscais. “Quando saí do governo, há 15 anos, deixamos 1.700 fiscais e posso dizer que voltamos com as políticas ambientais e a estrutura desmontadas, mas conseguimos aprovar concursos do Ministério do Meio Ambiente”, disse ela, em referência das autorizações recentes para os concursos para ensino médio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Nesta semana, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos autorizou um novo concurso para o Ministério do Meio Ambiente. Conforme portaria publicada no último dia 2, o Ministério do Meio Ambiente fica autorizado a realizar concurso para prover 98 vagas de analista ambiental, com nível superior e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) fica autorizada a realizar concurso para 502 vagas distribuídas em diversos cargos. O prazo máximo para a publicação dos editais é de até seis meses.

Cadastro Único

Ao lado de Marina Silva, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, também defendeu o crescimento sustentável focando na educação e citou que a pasta está negociando parcerias com entidades privadas, como Carrefour e Coca-Cola, para desenvolver um grande plano de qualificação dos beneficiários de programas sociais que estejam no Cadastro Único, para que eles possam trocar o cartão do Bolsa Família por uma carteira de trabalho.

“Desses 55 milhões de pessoas do Cadastro Único, 28,5 milhões de pessoas estão em idade para trabalhar. E cerca de 13 milhões delas possuem ensino médio e/ou superior, ou estão estudando na faculdade”, afirmou. Segundo ele, a medida provisória do novo Bolsa Família procura tratar da erradicação da pobreza e aquela pessoa que consegue sair do programa, pode voltar caso perder o emprego, porque ela não sai do cadastro único.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação