Combater a inflação alta, principalmente em mercados emergentes, têm consequências duras e uma delas é comprometer o crescimento, contudo, os bancos centrais precisam ficar atentos às pressões sobre os preços que continuam persistentes em várias economias avançadas e emergentes. Esse alerta foi dado pela economista Gita Gopinath, primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta quarta-feira (17/5), durante a primeira Conferência Anual do Banco Central.
A número dois do FMI lembrou que um dos principais riscos para os países emergentes é permitir que a inflação fique elevada por um período muito longo. “Quanto mais tempo a inflação se mantiver alta, mais difícil será trazer ela para baixo”, disse Gopinath, durante uma palestra magna no evento do BC.
Gopinath ressaltou que, historicamente, a inflação dos países emergentes têm sido mais alta e mais persistente do que nos países desenvolvidos. E, nesse processo de combate à inflação, os bancos centrais com mais reservas têm mais ferramentas disponíveis para combater os desequilíbrios macroeconômicos. Ela lembrou que, entre os fatores que fazem com que a inflação continue mais alta por mais tempo, destacam-se o aumento de salários e a dívida elevada.
A vice-diretora-gerente reconheceu a importância da independência dos bancos centrais, assim como aperfeiçoamentos na transparência e na comunicação, especialmente, na condução de políticas anticíclicas. “Os bancos centrais estão preparados para combater a inflação que têm demonstrado mais resiliência”, afirmou.
A economista destacou ainda que o sucesso dos bancos centrais emergentes em controlar a inflação “ajudou a melhorar a credibilidade dessas economias junto aos investidores internos e externos”. Segundo ela, o risco de mudanças na dinâmica da inflação é muito importante, porque ele pode ser relevante na condução das políticas monetária e econômica.
A vice diretora-gerente do Fundo elogiou o fato de o Banco Central brasileiro percebeu antes o fato de a inflação ser mais persistente e acabou sendo um dos primeiros a iniciar do ciclo de aperto monetário, em março de 2021. “Muito antes desses países, como o presidente do BC disse, o Brasil percebeu que a persistência da inflação poderia vir dos altos níveis da demanda”, afirmou em referência à fala inicial do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Antes de ser promovida para assumir o cargo de número dois do FMI, Guita Gopinath era a economista-chefe do Fundo e alvo de inúmeras críticas do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, pois os relatórios do organismo multilateral não cansam de fazer alertas sobre os problemas fiscais e do baixo crescimento do Brasil.
Saiba Mais
- Mundo 'Minha doença é uma bomba-relógio, mas agradeço por ainda poder andar'
- Mundo O piloto cego que dirige carros de corrida a 180 km/h
- Mundo 'Golpe da paternidade': os britânicos que cobram para assumir filhos de mulheres imigrantes
- Mundo Ameaçado de destituição, presidente do Equador decreta dissolução do Congresso
- Mundo Ex-comandante paramilitar admite que tinha ordem para matar Petro nos anos 1990
- Economia "Se perder o primeiro ano, passou", diz Alckmin sobre reforma tributária
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.