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Ibovespa encerra primeiro semestre de 2023 com alta de 7,61%

Novo arcabouço fiscal e inflação mais controlada ajudaram a bolsa brasileira a fechar os primeiros seis meses do ano em alta, avaliam especialistas

Raphael Pati*
postado em 30/06/2023 21:45
 (crédito: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO)
(crédito: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Mesmo com uma retração de 0,25% no pregão desta sexta-feira (30/6), o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa - B3) encerrou o primeiro semestre deste ano em alta de 7,61%, aos 118.087 pontos. Para os especialistas, o movimento favorável da bolsa brasileira está relacionado com fatores domésticos e internacionais positivos, como as incertezas na Guerra da Ucrânia e a aprovação do novo arcabouço fiscal.

No início do ano, o mercado de ações brasileiro ainda seguia incerto com a política fiscal do novo governo. Desencontros nas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de sua base partidária com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fizeram com que no dia 23 de março, a bolsa atingisse o menor patamar registrado em mais de oito meses, aos 97.926 pontos.

Com a aprovação das novas regras fiscais, que substituíram o antigo teto de gastos dos governos anteriores, a bolsa registrou o melhor desempenho do ano no último dia 21 de junho, quando fechou o pregão aos 120.421 pontos.

Inflação controlada

Além da aprovação do novo arcabouço, o coordenador da graduação em Economia do IDP, Mathias Schneid Tessmann, avalia que o controle da inflação foi outro destaque positivo durante o período, que fez com que o Ibovespa registrasse um aumento de quase 8% nesse tempo.

“Esse cenário de diminuição da inflação, graças ao bom trabalho que o Banco Central tem feito, faz com que também o BC consiga ter confiança para baixar juros no futuro e isso também melhora as expectativas da economia, faz com que as pessoas se sintam mais propensas a pegar investimento ou a tirar muitas das suas ideias profissionais do papel”, avalia o coordenador.

Para a economista e sócia da SM Futures, Vitoria Saddi, o movimento de elevação da bolsa brasileira é reflexo da boa performance de outros países emergentes, como México e Turquia. “Está havendo uma demanda de investidores estrangeiros para mercados emergentes que têm bons fundamentos econômicos, como o Brasil”, avalia a economista.

Para o segundo semestre, a expectativa é que a bolsa continue em movimento de expansão, com a possibilidade real de atingir os 130 mil pontos. O coordenador do curso de Economia do IDP, ainda avalia que fatores externos podem contribuir para essa performance.

“Tem muitos agentes de mercado pensando, talvez, em possíveis novos pacotes de estímulo à indústria chinesa, e isso aumenta a liquidez da economia, porque é mais dinheiro em circulação e isso também contribui para a nossa bolsa”, acrescentou.

Dólar recua forte no período

Além do Ibovespa, o câmbio do dólar também foi impactado positivamente neste primeiro semestre. Nesse período, a moeda norte-americana apresentou forte desvalorização de 9,3% frente ao real, e saiu de R$ 5,35 no primeiro pregão do ano, para R$ 4,79 nesta sexta-feira. Na visão de economistas, isso se deve principalmente à manutenção da Taxa Selic em 13,75% ao ano, que refreou a inflação.

“Enquanto outros países começam a subir os juros agora, o Brasil já tem juro alto e uma inflação convergindo para a meta, o que significa que, a cada vez que os juros não caem, a taxa de juro real, que é descontada a inflação, é maior, e isso atrai muito investimento estrangeiro. Então, quando a gente tem esse movimento muito forte, a pressão é que o dólar realmente caia”, explicou o professor de economia do Ibmec-DF, William Baghdassarian.

*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes

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