Dívidas

Após Desenrola Brasil, renegociações sobem nas instituições financeiras

Educador financeiro explica que aumento de 61% das renegociações no Serasa se deve ao maior interesse dos devedores em quitar os débitos, mas sugere cuidados

Fernanda Strickland
postado em 26/07/2023 15:43 / atualizado em 26/07/2023 15:44
Serasa apontou aumento de 61% nas renegociações após o Desenrola
 -  (crédito: Towfiqu Barbhuiya/Unsplash)
Serasa apontou aumento de 61% nas renegociações após o Desenrola - (crédito: Towfiqu Barbhuiya/Unsplash)

Depois que o governo federal lançou o Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas voltado para quem está devendo e com o nome sujo, os brasileiros passaram a ter mais interesse em negociar e ficar com o nome limpo. Ao menos é o que indica o aumento de 61% nas renegociações do Serasa.

De acordo com Thiago Martello, fundador da Martello EF, empresa que abocanhou investidores no programa de TV a cabo, Shark Tank Brasil, ao oferecer uma metodologia própria, esse percentual indica que a iniciativa do governo está gerando um movimento positivo para quem está endividado.

“O brasileiro quer ficar com o nome limpo e o programa (Desenrola) tem um lado bom, que é beneficiar milhões de pessoas a renegociarem dívidas e limparem o nome. A única questão é que é preciso cuidado para não voltar ao vermelho depois que a situação estiver resolvida e o crédito voltar a ficar disponível”, alerta ele.

Segundo o Serasa, a maioria das renegociações até agora não foi decorrente do Desenrola Brasil. Porém, o aumento indica que o devedor quer aproveitar o momento para quitar seus débitos. Além disso, os descontos concedidos para a quitação de dívidas costumavam ser de, em média, 44% antes do programa; e agora estão em 48%.

Controle financeiro

Segundo Martello, é de interesse do banco conceder bons descontos para aproveitar a onda do Desenrola, mas quem limpar o nome precisa estar atento aos gastos para continuar sem dívidas. “Existem alguns pontos importantes nesse novo caminho de quem era devedor e hoje não é mais. Primeiramente, ele precisa adequar seu padrão de vida ao que pode pagar. Ou seja, se ganha R$ 2 mil, não adianta gastar R$ 3 mil todos os meses. Neste caso, ou é preciso cortar gastos ou é necessário ir atrás de renda extra”, explica.

O especialista também enfatiza a necessidade de pensar melhor na hora de consumir. “É desejo ou necessidade? Se a pessoa tem o costume de comprar por impulso, ela precisa entender que isso pode levá-la ao caminho das dívidas e do nome sujo novamente”, afirma.

Martello enfatiza que quem não sabe lidar com as finanças e costuma se enrolar com as contas, pode voltar a ter problemas com o acesso a crédito novamente, por isso, depois de quitar as dívidas e voltar a ter o nome limpo, o ideal é dedicar algum tempo para cuidar da vida financeira e entender o que o levou até ali.

“Quem perdeu o acesso ao crédito por conta de dívidas e agora está feliz em resolver a questão precisa lembrar que nada aconteceu por acaso e se dedicar a lidar melhor com o dinheiro para manter o equilíbrio nas contas”, finaliza.

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