CRESCIMENTO ECONÔMICO

Brasil e Argentina conversam sobre novas garantias para exportações

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parceria com Caf poderá ampliar valor das operações com garantias para até US$ 600 milhões

A informação foi dada pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Economia da Argentina, Sergio Massa -  (crédito:  Diogo Zacarias/Ministerio da Fazenda)
A informação foi dada pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Economia da Argentina, Sergio Massa - (crédito: Diogo Zacarias/Ministerio da Fazenda)
Rosana Hessel
postado em 28/08/2023 20:31 / atualizado em 28/08/2023 20:34

Brasil e Argentina retomaram as conversas sobre garantias às exportações brasileiras para o país vizinho, com a possibilidade de mais um parceiro — além do Banco do Brasil — o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (Caf), e a utilização das reservas argentinas em iuanes (moeda chinesa). Com isso, os valores das exportações com garantias poderão passar de US$ 140 milhões para algo entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões.

A informação foi dada pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Economia da Argentina, Sergio Massa, na noite desta segunda-feira (28/8), após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto.

De acordo com Haddad, o acordo para as garantias ainda não está totalmente fechado e deve ter uma definição até 14 de setembro. Segundo ele, os técnicos dos dois países estavam estruturando uma operação para dar garantia às exportações brasileiras no âmbito do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), mas, na sexta-feira (25/8), o Caf demonstrou interesse em entrar com uma oferta de contragarantia maior e isso poderá ajudar a Argentina a não gastar suas reservas de iuanes para cobrir as importações do Brasil.

“O presidente do Caf confirmou o interesse em fazer uma contragarantia para o Banco do Brasil junto ao Proex. Seria uma operação para restabelecer com muita propriedade, quando o país exporta para a Argentina, garantindo as divisas”, afirmou Haddad. Segundo ele, essas operações extrapolariam as exportações do setor automotivo e envolveriam também o de alimentos.

De acordo com o ministro argentino Massa, as conversas dele com integrantes do governo brasileiro foram bastante positivas e marcaram uma retomada de vários acordos que haviam sido suspensos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), especialmente o convite para a Argentina integrar o Brics — grupo dos países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Brasil e Argentina, somos sócios indissolúveis do ponto de vista comercial”, afirmou o ministro argentino. “Retomamos iniciativas com os dois países e na reabertura do mercado do Mercosul, que havia sido interrompido”, acrescentou.

O ministro argentino disse que a Argentina tem a capacidade de administrar suas reservas e esse acordo poderá ser um passo importante para as relações comerciais entre os dois países. Além disso, afirmou que a entrada da Argentina no Brics será um enorme passo para a nação vizinha. “Muitos argentinos não entendem sobre a importância do Brics”, disse Massa, em um discurso contrário ao da oposição, que vem criticando essa iniciativa de entrada no Brics.

No fim de semana, o ministro, que é candidato apoiado pelo presidente da Argentina Alberto Fernández, para as eleições de outubro, anunciou um pacote de várias medidas econômicas para tentar salvar o atual governo que atravessa uma séria crise financeira, com inflação acumulada em 12 meses superior a 100%.

Os dois principais candidatos presidenciais da oposição para as eleições argentinas de outubro, os direitistas Javier Milei e Patricia Bullrich, rejeitaram, na semana passada, o ingresso do país ao Brics.

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