DESIGUALDADE DE GÊNERO

Não podemos admitir mais 300 anos lutando, diz ministra Cida Gonçalves

"Igualdade significa justiça, significa tirar as mulheres da situação de pobreza", disse ministra das Mulheres durante lançamento do relatório nacional de transparência salarial

Ministras Cida Gonçalves (centro) e Esther Dweck participam do lançamento do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios -  (crédito: Adalberto Marques/MGI)
Ministras Cida Gonçalves (centro) e Esther Dweck participam do lançamento do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios - (crédito: Adalberto Marques/MGI)
postado em 25/03/2024 17:01

Somente 32,6% das empresas contam com políticas de incentivo à contratação de mulheres e 38,3% têm políticas de promoção em cargos de direção e gerência. Os dados são dos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres, que apresentaram, nesta segunda-feira (25/3), o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios.

Segundo o levantamento, as iniciativas de incentivo à contratação de recortes desse segmento é ainda menor: mulheres negras (26,4%), mulheres com deficiência (23,3%), LGBTQIAP+ (20,6%), mulheres chefes de família (22,4%) e mulheres vítimas de violência (5,4%).

Durante evento de apresentação dos dados, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, apontou que há uma grande necessidade de avançar na igualdade salarial com urgência.

A ministra lembrou que ela e a primeira dama, Rosângela Silva, mais conhecida como Janja, passaram uma semana em Nova York para participar de um evento da Comissão das Mulheres da ONU, em que foram discutidos os direitos das mulheres. "Veja só que ironia, o secretário-geral da ONU disse em sua fala inicial no evento que, se continuar do jeito que está, a igualdade entre homens e mulheres vai demorar 300 anos para se concretizar", pontuou.

"Não podemos admitir que tenhamos que viver mais 300 anos lutando, falando e brigando para termos as mesmas condições que os homens. A igualdade salarial é o básico", enfatizou a ministra. "Essa tem que ser uma luta de todo Brasil. Igualdade significa justiça, significa tirar as mulheres da situação de pobreza."

Cida ressaltou que, "para quem ganha um salario mínimo, R$ 200 a menos faz muita diferença". "Não vamos admitir atraso, retrocesso e conservadorismos no direito das mulheres", reforçou a ministra das Mulheres.

A ex-senadora e ministra do Planejamento, Simone Tebet, também presente no lançamento do relatório, disse que “a bancada feminina no Senado sempre foi passada para trás quando o assunto era esse (igualdade salarial). Foi assim na reforma trabalhista. Por isso, no segundo turno, pedi ao presidente Lula o projeto de igualdade salarial”, afirmou.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse, por sua vez, que o governo está 100% comprometido com a pauta ao destacar que é fundamental que os direitos sejam exatamente iguais. “É muito importante que os setores empresariais sejam imbuídos dessa responsabilidade. Não há qualquer intenção de expor qualquer problema ou algo que cause problema às empresas”, frisou.

Marinho enfatizou que eliminar e desigualdade salarial é uma missão da sociedade brasileira, e que ela deve "deixar para trás esses problemas cruciais, que afetam em especial a vida das mulheres, de forma muito particular das mulheres negras". "No mundo há uma diferença de remuneração entre homens e mulheres. No Brasil, é agravada. Não é permitido que alguém ganhe menos por ser mulher, tendo a mesma competência e capacidade", disse.

É a primeira vez que dados oficiais sobre desigualdade salarial são coletados. Com isso, o governo espera compreender o status das políticas de incentivo à contratação de mulheres e de promoção de políticas de gênero dentro do setor privado.

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