
O varejo brasileiro deixou de faturar R$ 103 bilhões ao longo do ano de 2024 com o redirecionamento dos recursos das famílias para as apostas on-line. O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), considerando dados disponibilizados pelo Banco Central.
O estudo considerou os impactos econômicos das apostas on-line sob dois cenários distintos, com gastos de R$ 24 bilhões e R$ 240 bilhões anuais pelas famílias brasileiras. No primeiro cenário, a economia sofre perdas estimadas em R$ 39 bilhões no faturamento total, R$ 19,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) e R$ 2,1 bilhões na arrecadação tributária.
Já no segundo cenário, os prejuízos sobem para R$ 364 bilhões no faturamento, R$ 219 bilhões no PIB e R$ 14,5 bilhões em impostos que deixam de ser recolhidos pelo Estado. O descontrole financeiro reduziu a compra de bens e a contratação de serviços, levando à queda do consumo essencial relativo aos itens de primeira necessidade para a sobrevivência, conforme destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
“As apostas on-line estão amplificando desigualdades e desviando recursos fundamentais, afetando diretamente o funcionamento da economia formal e o acesso das famílias a bens e serviços”, diz.
Inadimplência
O estudo mostra que 1,8 milhão de brasileiros entraram em situação de inadimplência por comprometer a renda com as bets, afetando sobretudo a população de menor renda. De acordo com a CNC, muitas pessoas se endividam quando deixam de arcar com seus compromissos financeiros para realizar apostas.
São comparados dados de dois grupos, o primeiro com renda entre 3 e 5 salários mínimos e o segundo entre 5 e 10 salários mínimos. Entre novembro de 2023 e novembro de 2024, observou-se cenários opostos. No primeiro grupo, o percentual de famílias com contas em atraso saltou de 26% para 29%. Já a do segundo grupo caiu 2,6 pontos percentuais, fechando em 22%.