Micro e pequenas empresas

Motor de inclusão: Sebrae projeta R$ 12 bi em créditos para pequenos negócios em 2025

A entidade celebra os 30 anos do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), com aporte de R$ 2 bilhões, além da previsão de injetar um total de R$ 30 bilhões no mercado nos próximos anos

O crédito como ferramenta de inclusão social e desenvolvimento econômico foi o eixo central do evento realizado pelo Sebrae nesta segunda-feira (18/8), em Brasília. A celebração dos 30 anos do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) marcou não apenas a retrospectiva histórica da entidade, mas também o anúncio de novas metas e parcerias para fortalecer a democratização do acesso ao financiamento no país.

Com aporte de R$ 2 bilhões ao Fampe e a previsão de injetar R$ 30 bilhões no mercado nos próximos anos, o Sebrae pretende encerrar 2025 com R$ 12 bilhões em crédito viabilizado para micro e pequenas empresas — um salto expressivo em relação à média de R$ 1 bilhão registrada até poucos anos atrás.

“Hoje já ultrapassamos R$ 6 bilhões e queremos dobrar esse número até dezembro. O crédito é mais do que um instrumento econômico: é a materialização de sonhos e esperança”, afirmou o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima.

Parte central da estratégia é o Programa Acredita Sebrae, sancionado em 2024 pelo governo federal e estruturado em dois pilares: a oferta de garantias complementares via Fampe e o atendimento focado no crédito consciente.

De 2024 a 2025, o programa viabilizou mais de 80 mil operações, além de 606 mil atendimentos, 617 mil horas de capacitação financeira e 200 mil horas de consultoria. A plataforma digital do Acredita registrou 1 milhão de acessos no período. “Não se trata apenas de emprestar dinheiro, mas de orientar os empreendedores para que o crédito seja sustentável e impulsione o crescimento dos negócios”, destacou Lima.

Criado em 1995, no contexto do Plano Real, o Fampe foi pioneiro ao oferecer garantias complementares para micro e pequenas empresas em meio a um cenário de inflação elevada e escassez de crédito. Em 30 anos, o fundo já viabilizou mais de R$ 25 bilhões em financiamentos, consolidando-se como uma das principais políticas de inclusão produtiva no país. Hoje, conta com 33 instituições operadoras, incluindo bancos privados, cooperativas e fintechs.

Crédito digital

Entre os novos parceiros está o Fundo Estímulo, nascido durante a pandemia com foco em crédito digital. Desde 2020, apoiou mais de 5.500 empresas com R$ 360 milhões em empréstimos sem garantias reais. Agora, integrado ao Fampe, deve ampliar sua atuação em regiões de baixa renda e na Amazônia Legal.

“Mais de 90% dos créditos que liberamos foram destinados a áreas vulneráveis, 30% para mulheres empreendedoras e quase 40% para negócios que nunca tinham tido acesso a crédito. Com o Fampe, vamos multiplicar esse impacto”, afirmou o diretor do Estímulo, Lucas Conrado.

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O evento recebeu empreendedores que transformaram suas trajetórias com apoio do crédito. Um dos exemplos foi Michel Rocha, 27 anos, dono de uma barbearia em Rio Branco (AC). “Comecei cobrando R$ 5 por um corte. Hoje, o corte custa R$ 70 e consegui empregar meus dois irmãos. O crédito foi a virada de chave que mudou minha vida e a da minha família”, relatou.

Casos como o do Hotel Fazenda Rancho dos Canários e do brechó Roupa Terapia também foram exibidos em vídeos, reforçando a dimensão social do programa. Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas representam 95% dos negócios no país e foram responsáveis por 1,3 milhão dos 1,7 milhão de empregos criados em 2024. Apenas no primeiro semestre de 2025, 2,6 milhões de novos empreendimentos foram formalizados. 

Fernanda Strickland/CB/DA.Press - Evento SEBRAE

Apesar dos avanços, os desafios persistem. Cerca de 88% das micro e pequenas empresas ainda não conseguem obter crédito no sistema financeiro tradicional. Para o presidente Décio Lima, o papel do Sebrae é justamente “abrir portas” e construir alternativas com bancos, cooperativas e fintechs. “Celebramos 30 anos de vidas transformadas, mas nosso olhar está nos próximos 30, para que cada vez mais empreendedores tenham a chance de crescer com dignidade”, concluiu.

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