O Conselho Federal de Economia (Cofecon) classifica como “descabidas e inaceitáveis” as ações dos Estados Unidos contra o Brasil, tanto a nível político quanto comercial. Em nota publicada nesta segunda-feira (15/9), a autarquia que representa os economistas brasileiros avalia que há “claríssimas intenções” de ingerência política nos assuntos domésticos do país por parte do presidente norte-americano, Donald Trump.
“A soberania brasileira, no entanto, é algo inegociável, assim como a independência e autonomia dos Poderes, a liberdade de expressão e de cátedra”, escreveu a entidade. O conselho, órgão máximo de representação dos economistas no país, declarou ainda que se manifesta em defesa da Nação e em apoio a todas as ações alinhadas a esses princípios e valores.
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Desde 6 de agosto, milhares de produtos brasileiros importados pelos EUA sofrem taxação de 50% na chegada, prejudicando significativamente sua competitividade. Entre os itens mais afetados estão café, pescado e suco de laranja.
Conforme nota publicada em julho pelo presidente norte-americano, as tarifas também têm motivações políticas, devido à inconformidade de Trump com o processo que condenou recentemente o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão. Para a entidade que representa os economistas brasileiros, ameaças à soberania nacional não são bem-vindas.
“(As sanções e ameaças dos EUA) são descabidas, primeiro, porque, sem precedentes na história de dois séculos de relacionamento entre os dois países; segundo, não encontram respaldo nas regras multilaterais de comércio na ordem econômica vigente; terceiro, porque, tomadas sob o argumento falacioso de parcialidade do Poder Judiciário brasileiro”, avaliou o Cofecon.
Em 2024, a relação entre os dois países completou 200 anos, tornando-se uma das mais antigas da história do Brasil. No entanto, enfrenta possivelmente seu pior momento em mais de dois séculos, em razão das divergências políticas entre os governos. Segundo a entidade, as sanções aplicadas por Trump violam explicitamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), que vedam a discriminação comercial sem justificativa técnica.
A entidade destaca, ainda, que a balança comercial entre os dois países vem registrando seguidos deficits para o Brasil. “Portanto, as alegadas 'distorções de comércio' não se aplicam ao Brasil, que, além do mencionado déficit comercial com os EUA, também apresenta balança de serviços (marcas, patentes, royalties etc.) francamente favorável aos norte-americanos”, acrescentou.
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