O Brasília Basquete manteve Arthur e Nezinho para a temporada 2020/2021 — dois dos ídolos que ajudaram a alimentar a paixão e tradição do basquete na capital federal. O time também conseguiu a própria franquia no Novo Basquete Brasil (NBB) após desfazer a parceria com o Universo e se reforçou com os alas norte-americanos Sammy Yeager e Eric Laster. Em quadra, porém, não rende nem perto do esperado. Com apenas três vitórias em 21 jogos, a equipe é lanterna do campeonato e figura quatro posições atrás do conterrâneo Cerrado, posicionado em 12º, a última a garantir vaga aos playoffs. Mas os motivos vão além do garrafão.
Para o ala Arthur, os desafios apareceram antes mesmo do começo do NBB. “Tivemos problemas para fechar o elenco, fomos um dos últimos times a fazer isso”, pontua, antes de apontar o principal desafio. A falta de uma sede fixa, segundo ele, impactou diretamente no trabalho do grupo.
O contrato do Brasília Basquete com o ginásio da Asceb (Associação dos Servidores da Companhia Energética de Brasília) acabou antes da temporada, em 2020 e não foi renovado. Assim, o time ficou sem quadra e academia fixas para treinar. O elenco realizou os treinamentos em cinco ginásios diferentes da cidade. “A gente acaba não tendo uma casa nossa, um vestiário, nem um horário fixo de treinos”, observa Arthur.
Desafios, tanto para os jogadores quanto para a comissão técnica, determinantes para a má campanha do Brasília. “Não tivemos o básico para ter tranquilidade maior para treinar, porque tínhamos que respeitar os horários que nos davam e não necessariamente os que eram melhores”, lamenta Arthur. O treinador Ricardo Oliveira explica que a ansiedade dos jogadores por uma casa nova está em processo bem adiantado. O destino será a AABR (Associação Atlética Banco de Brasília). A expectativa é que ela se torne a arena da equipe na próxima temporada.
Segundo Ricardo, a alteração faz parte de uma mudança no projeto do Brasília Basquete. “Para a próxima temporada teremos uma arena constituída, parceria com projetos sociais em categorias de base e a mudança de geração. Jogadores que fizeram história em Brasília, como Nezinho e Arthur, estão passando experiência aos mais jovens”, projeta o comandante. Para a atual edição do NBB, o objetivo principal é evoluir o setor defensivo para melhorar as atuações nos nove jogos restantes da primeira fase.
“Nosso time tem de trabalhar muito defensivamente, que é uma das falhas que temos. Ofensivamente temos o terceiro cestinha, o Yeager (com média de 20,7 pontos), mas nossa porcentagem de acerto está pequena”, avalia Ricardo. Só que o baixo rendimento também tem relação com o elenco enxuto montado para a temporada.
Maratona no NBB
Característica evidenciada diante de uma temporada atípica, em que muitos jogos tiveram de ser agendados com intervalos curtos. No elenco candango, quatro jogadores pegaram covid-19, além do técnico, e outros seis atletas desfalcaram o grupo em algum momento por causa de lesão. “O elenco estava bem enxuto no começo e, com as lesões, ficou praticamente sem jogador. Tivemos que contratar para alguns jogos, porque estávamos sem os três armadores”, lembra Arthur.
O episódio é referente ao contrato temporário firmado com Jefferson Socas para os três últimos jogos da equipe em 2020 devido aos desfalques de Nezinho e Pedrinho Rava, por lesão, e de Gabriel, que testou positivo para covid-19. O treinador ressalta que trabalhou com o elenco completo apenas nos dois últimos jogos. Mesmo assim, teve baixas sem substituto, como a do ala/pivô Diego Conceição, transferido para o Bauru, em janeiro.
A lista de adversidades é longa, mas Ricardo Oliveira acredita que a principal delas tem sido disputar uma liga em meio à pandemia. “Estamos correndo o risco de levar a covid-19 para a nossa família. Eu peguei, provavelmente, de um jogador e fiquei internado uma semana. Graças a Deus a minha família não pegou. Mas estão todos tensos e isso muda a competição”. Prevendo uma temporada atípica, a Liga Nacional de Basquete (LNB) havia determinado que esta edição do NBB não terá rebaixamento. “Agora, é fazer o melhor do time, de cada jogador, dentro das condições que temos no momento”, pondera Arthur.
Cinco razões para a má campanha
» Elenco enxuto
» Lesões e covid-19 (em uma temporada com jogos pouco espaçados)
» Saída de jogador no decorrer do campeonato
» Projeto em fase de mudança
» Falta de sede fixa para treinos, academia e jogos
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