Fórmula 1 promete equilíbrio e Hamilton novamente empoderado em 2021

Carentes de um compatriota para torcer, brasileiros podem testemunhar nesta temporada a apoteose de Lewis Hamilton dentro e fora das pistas

Maíra Nunes
postado em 26/03/2021 11:14 / atualizado em 26/03/2021 12:27
Luis Hamilton (dir.), ao lado de Sebastian Vettel (esq.): os dois travaram muitas batalhas na pista nos últimos anos, especialmente em 2017 e 2018, quando brigaram pelo título -  (crédito: Lluis Gene/AFP
)
Luis Hamilton (dir.), ao lado de Sebastian Vettel (esq.): os dois travaram muitas batalhas na pista nos últimos anos, especialmente em 2017 e 2018, quando brigaram pelo título - (crédito: Lluis Gene/AFP )

Mesmo diante da possibilidade de se isolar como o maior vencedor da história da Fórmula 1, o heptacampeão Lewis Hamilton desmentiu rumores sobre uma possível aposentadoria no fim de 2021. Aos 36 anos, o piloto britânico está longe de dar-se por satisfeito. Além disso, parece cada vez mais engajado em marcar uma era, também, com avanços sociais em uma das modalidades mais elitizadas do esporte.

Se os resultados nas pistas o tornam incontestável como piloto, o primeiro negro a disputar a principal categoria do automobilismo mundial mostrou empolgação com as muitas novidades da temporada que começa como GP do Barein, no domingo (28/3).

“Não sinto que eu esteja no fim de carreira. Esta será a temporada mais legal até agora. Temos novas equipes, novos formatos, e os rivais estão próximos da Mercedes”, disse Hamilton, na quinta-feira, em coletiva para o GP do Bahrein.

A largada da temporada foi dada nesta sexta-feira (26/3), com o primeiro treino livre pela manhã. A classificação ocorre no sábado, às 12h, e a corrida, no domingo, às 12h.

Além da dança de cadeiras entre as equipes e das alterações técnicas e esportivas, a transmissão da F-1 no Brasil está de casa nova. A Band retomará a exibição da categoria após 40 anos de domínio e exclusividade da Globo.

De contrato renovado com a Mercedes, Hamilton é o favorito a manter a hegemonia da escuderia alemã e ampliar a coleção de recordes pessoais. Ele pode chegar ao oitavo título e ultrapassar o número de conquistas do alemão Michael Schumacher.

A Mercedes, porém, sofreu alguns problemas na pré-temporada e foi a que completou menos voltas antes do começo do GP de abertura. “Atualmente, não somos os mais velozes. E como vamos trabalhar juntos, como vamos nos unir para chegar aonde queremos? Eu adoro esse desafio”, pontua Hamilton.

 

Empoderado

A briga fora das pistas promete ser tão ferrenha quanto pelo pódio. Em um ano atípico devido às adaptações à pandemia de covid-19, Hamilton inseriu de vez o debate racial na Fórmula 1. O maior piloto da atualidade liderou os protestos contra o racismo na categoria em 2020, ao ajoelhar-se durante a cerimônia pré-prova. 

A atitude reproduz o protesto do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, em 2017, durante a execução do Hino dos EUA antes de jogos da NFL. “Foi importante me ajoelhar e mostrar às comunidades pretas ao redor do mundo que estou com elas”, explicou o piloto da Mercedes.

Apesar de classificar o ano passado como “pesado”, Lewis Hamilton promete seguir se manifestando. “Vou continuar me ajoelhando. Pessoas mais novas perguntarão aos pais ou aos professores o motivo disso. É um assunto que deixa as pessoas desconfortáveis, mas que os pais vão explicar”, completou.

O ato voltou a ganhar visibilidade nas competições esportivas após o assassinato de George Floyd, em maio de 2020, que despertou uma série de manifestações norte-americanas contra a violência policial que atinge, principalmente, a população negra. Na Fórmula 1, o britânico foi acompanhado pela maioria dos pilotos.

“Não posso ignorar que o ano passado foi pesado para mim. Vou ficando mais velho, aprendendo mais, e todos nós passamos por fase de aprendizado. Senti-me empoderado por não ficar em silêncio”, completou Hamilton.

Neste mês, o piloto da Mercedes também se posicionou sobre outro tema social. Hamilton criticou a postura da Igreja Católica após a instituição afirmar que não pode abençoar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O inglês se solidarizou com o compositor Elton John e a comunidade LGBTQ+ por meio das redes sociais.

“Isso é inaceitável, principalmente nos dias atuais. Ninguém pode ser vítima de preconceito ou discriminação por amar alguém, especialmente em nome de Deus, que sempre pregou a igualdade”, escreveu, na parte da mensagem publicada.

 

Brasil se apega a Fittipaldi

 

O Brasil terá mais uma temporada sem representantes titulares na F-1, como acontece desde 2018. A esperança fica por conta dos pilotos reservas, assim como ocorreu com Pietro Fittipaldi no ano passado. O neto do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi fez as duas primeiras corridas da carreira na F-1 nos GPs de Sakhir e Abu Dhabi, quando substituiu Romain Grosjean enquanto o francês se recuperava do acidente sofrido no GP do Barein.

Com o carro mais fraco do grid, Piettro terminou na 17ª e 19ª colocações, respectivamente. Aos 24 anos, ele renovou contrato com a Haas como piloto reserva da dupla composta por Mick Schumacher, filho do campeão Michael Schumacher, e Nikita Mazepin.

Outro jovem brasileiro que vem flertando com a F1 é Sérgio Sette Câmara, de 22 anos. De 2016 a 2020, ele teve passagens como piloto reserva e de teste na McLaren e na AlphaTauri, antiga Toro Rosso, da Red Bull. Neste ano, porém, o mineiro não renovou contrato com nenhuma escuderia da categoria e estreará a primeira temporada completa na Fórmula E, categoria 100% elétrica, pela equipe Dragon Penske.

Como uma forma de consolo, o Brasil contará com pilotos nas categorias de base da F-1 ao longo da temporada. Felipe Drugovich e Gianluca Petecof disputam a Fórmula 2, Caio Collet está na F-3 e Bruna Tomaselli, na W Series.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação