A história do primeiro ouro olímpico da seleção francesa no vôlei masculino é familiar. Assim como foi com o Brasil nos Jogos da Rio-2016, a França passou pela primeira fase aos trancos e barrancos, cresceu nos jogos eliminatórios e superou um adversário que vinha com grande regularidade na final dos Jogos de Tóquio-2020. Na manhã deste sábado (7/8), os franceses venceram o Comitê Olímpico Russo (ROC) por 3 sets a 2 (parciais de 23/25, 17/25, 25/21, 25/21, 12/15), na Ariake Arena, na capital japonesa,garantindo a medalha inédita e dourada do país no vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
A partida histórica para a França marcou a despedida em grande estilo do técnico Laurent Tillie, após nove anos à frente da seleção. O brasileiro Bernardinho assumirá no lugar dele no próximo ciclo olímpico que terminará nos Jogos de Paris-2024. Laurent comandou a equipe nacional na conquista do Campeonato Europeu de 2015 e em dois títulos da então Liga Mundial (atual Liga das Nações), em 2015 e 2017. Mas a pressão por uma campanha de sucesso em Olimpíadas era enorme.
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A seleção francesa masculina de vôlei disputou apenas cinco participações olímpicas. As duas últimas, sob comando de Laurent. Até Tóquio, porém, o país havia ficado longe de brigar por medalha em todas elas. Na Rio-2016, a equipe europeia sequer passou da primeira fase. Em Tóquio-2020, quase amargou novamente uma eliminação precoce.
A França dependeu de uma combinação de resultados para avançar, na última colocação do grupo, para as quartas de final. Mas não se abalou e acumulou vitórias sobre a forte Polônia, Argentina e o Comitê Olímpico Russo (ROC) até o primeiro lugar do pódio.
Final eletrizante até o tie break
Na decisão, os franceses começaram muito melhores e abriram ótima vantagem no jogo, vencendo os dois primeiro sets. O primeiro de forma mais apertada, terminou 25 x 23. O segundo já foi um passeio, por 25 x 17. Quando o título parecia estar encaminhado, o vôlei lembrou que são as reviravoltas que ajudam esse esporte a ser tão popular mundo afora.
Os comandados de Laurent Tillie venciam também o terceiro set, por 15 x 13, quando o bloqueio russo começou a entrar. Em uma reação heroica, o Comitê Olímpico Russo empatou em 18 x 18 e se mantém vivo, ao fechar a parcial por 25 x 21.
Embalada, a Rússia ganhou também o quarto set, por 25 x 21, levando a decisão do ouro para o tie break. Os russos largaram na frente, abrindo 6 x 4, mas os franceses buscaram o empate na sequência (6 x 6) e travaram um duelo emocionante. O desfecho coroou Earvin N'gapeth, protagonista da seleção francesa e um dos melhores jogadores da atualidade e das Olimpíadas em Tóquio.
O craque controverso francês fez valer o talento dentro de quadra ao invés das complicações fora dela — foi preso no Brasil por assediar sexualmente uma mulher em uma boate, em 2019, e respondeu na justiça uma agressão a um fiscal de passageiros de trem, em 2015. Melhor para o esporte da França, que comemora esta conquista histórica de uma geração com qualidade acima da média.
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